Tempos de ressignificação

2023 marca duas datas muito importantes em nossas vidas: Carlinhos Rodrigues completando 40 anos de teatro e, Drika Vieira, 35 anos! Deixamos para comemorar no final do ano, já que agora o ritmo já está desacelerado, para fecharmos um ciclo que vem de recomeços e ressignificação da Arte Teatral em nosso país e no mundo.

Dos tempos do teatro amador, lá nos anos 80, até a criação da Cia da Casa Amarela, em 1995, quando passamos a viver exclusivamente da atividade teatral com a criação de nossa produtora, com todas as questões que envolvem a criação de uma empresa, compromissos e custos legais, impostos e tudo mais, a vida sempre foi intensa e valeu à pena cada segundo.

Para nossa imensa alegria, recebemos essa semana um exemplar do livro Teatro de grupo em tempos de ressignificação, organizado por nomes importantes da dramaturgia brasileira como Alexandre Mate, Elen Londero, Ivam Cabral e Márcio Aquiles. A obra com quase 900 páginas(!) é uma ode* à luta da classe teatral no Estado de São Paulo. E entre os 335 grupos e coletivos de teatro, a Cia da Casa Amarela, de Catanduva, está lá representando nossa cidade, como sempre o fez, desde sua criação há 28 anos!

Não há, na história do teatro catanduvense e regional, uma cia. teatral que tenha tido maior projeção que a Cia da Casa Amarela, incluindo a conquista dos prêmios APCA e Mambembe, algo que jamais havia acontecido em nossa região, fora os mais de 100 prêmios em festivais, apresentações em Portugal, reconhecimento internacional, de público e crítica, e que sempre exaltou – em todas as circunstâncias – que somos de Catanduva!

Evidentemente que nem sempre recebemos o devido reconhecimento em nossa própria cidade, no entanto, não damos campo para isso. Como também não nos iludimos e nos “deitamos eternamente em berço esplêndido” acreditando que nada mais há que se fazer. Pelo contrário, a luta é diária e muitas vezes insana porque você precisa ficar lembrando as pessoas, instituições e agentes culturais que estamos vivos, aqui e que precisamos trabalhar.

Sim, trabalhar! De todas e quaisquer afrontas e descasos que a classe artística sofre no dia a dia, nada se compara ao conceito da sociedade que estabeleceu que “artista não trabalha”. Lamentável, contudo, estamos caminhando e muito tem mudado.

Estamos comemorando 35 anos (Drika), 40 anos (Carlinhos) e 28 anos (Cia da Casa Amarela) de teatro, de trabalho, de dedicação, de entrega, de buscas e algo que poucas pessoas conseguem encontrar em suas profissões: um prazer pleno, indescritível, incomensurável e não pretendemos parar!

Portanto, quando o livro Teatro de grupo em tempos de ressignificação exalta o árduo trabalho de tantos profissionais do Estado de São Paulo que lutam, bravamente, diariamente, pelas artes cênicas, e por fazermos parte desse coletivo, sentimo-nos esperançosos, acima de tudo.

Que 2024 traga mais e mais possibilidades de criação, produção, troca e arte para toda a sociedade, para todos nós!

* Ode é um poema de estilo particularmente elevado e solene, elaboradamente estruturado, descrevendo intelectual e emocionalmente a natureza e o mundo.

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.