Sutilezas e eufemismos da nossa língua

Alguém teve a genialidade de escrever o texto a seguir reproduzido abordando aspectos interessantes da nossa língua. Veja como um simples acento ou a substituição de uma vogal faz toda a diferença quanto ao sentido das palavras ou de uma frase. Surpreenda-se com o escrito desse autor desconhecido. – “Olha essa aula de Português. Excelente! Português não é para amador. Um poeta escreveu: "Entre doidos e doídos, prefiro não acentuar". Às vezes, não acentuar parece mesmo a solução. Eu, por exemplo, prefiro a carne ao carnê. Assim como, obviamente, prefiro o coco ao cocô. No entanto, nem sempre a ausência do acento é favorável... Pense no cágado, por exemplo, o ser vivo mais afetado quando alguém pensa que o acento é mera decoração. E há outros casos, claro! Eu não me medico, eu vou ao médico. Quem baba não é a babá. Quem bebe não é bebê. Você precisa ir à secretaria para falar com a secretária. Será que a romã é de Roma? Seus pais vêm do mesmo país? A diferença na palavra é um acento; assento não tem acento. Assento é embaixo, acento é em cima. Embaixo é junto e em cima separado. Seria maio o mês mais apropriado para colocar um maiô? Quem sabe mais entre a sábia e o sabiá? Essa eu não sabia. O que tem a pele do Pelé? O que há em comum entre o camelo e o camelô? O que será que a fábrica fabrica? E tudo que se musica vira música? Será melhor lidar com as adversidades da conjunção “mas” ou com as más pessoas? Falando em mas, quem escreve mais ou mas achando que tanto faz, erra demais. Mas, se prestar a devida atenção, um dia não errará mais. E poderá, enfim, escrever mas ou mais na santa paz. Aqueles que não entenderam, um dia entenderão. Será que tudo que eu valido se torna válido? E entre o amem e o amém, que tal os dois? Na sexta comprei uma cesta logo após a sesta. É a primeira vez que tu não o vês. Vão tachar de ladrão se taxar muito alto a taxa da tacha. Asso um cervo na panela de aço que será servido pelo servo. Por tanto nevoeiro, portanto, a cerração impediu a serração. Para começar o concerto tiveram que fazer um conserto. Ao empossar, permitiu-se à esposa empoçar o palanque de lágrimas. Uma mulher vivida é sempre mais vívida, profetiza a profetisa. Calça, você bota; bota, você calça. Oxítona é proparoxítona. Na dúvida, com um pouquinho de contexto, garanto que o público entenda aquilo que publico. E paro por aqui, pois esta lista já está longa. Realmente, Português não é para amador! Se você foi capaz de entender tudo, parabéns! Seu Português está muito bom!” Além dessas brilhantemente reunidas pelo autor, tem muitas outras a serem lembradas como: Manchei a manga da camisa comendo manga. É preciso que coma quando sair do coma. Foi daquela secção do prédio que teve inicio a sessão aprovando a cessão da área (ops!, é muita sessão). Selar o cavalo para ir selar um acordo e em seguida selar o envelope para ser postado no correio. E, por aí vai... Fato é que, essa confusão toda, que não é privilégio só do nosso vernáculo, tem uma explicação na gramática que assim define: Homógrafos: Tem grafia igual, mas som e significados diferentes. Ex.: colher (substantivo, talher) e colher (verbo, recolher). Homófonos: Têm som igual, mas grafia e significados diferentes. Ex.: cheque (ordem de pagamento) e xeque (jogada do xadrez). E, finalmente, Homônimos: têm grafia e som iguais, mas significados diferentes. Ex.: vale (substantivo) e vale (conjugação do verbo “valer”).

Autor

José Carlos Buch
É advogado e articulista de O Regional.