Suspense pós eleições
Em outros tempos, a grande questão que pairava entre os eleitores após a definição nas urnas costumava ser a expectativa para a fase de transição e a montagem da nova equipe de governo. Que será escolhido por Lula, que rumo tomará este ou aquele ministério, que fim levará o país? Este ano, apesar de essas ainda serem perguntas sem resposta, ganha maior luz a dúvida sobre qual será a postura do atual presidente Jair Bolsonaro, que ainda se mantém em silêncio até o fechamento deste texto. Para muita gente, o fato de ele não ter reconhecido a derrota, somado à movimentação de seus apoiadores, inclusive com bloqueios em rodovias no país, faz surgir a sensação de que haverá enfrentamento. Pelas redes sociais, um de seus filhos mais polêmicos vem incitando a mobilização e contestando o resultado das urnas, algo um tanto quanto preocupante para que se possa evitar confrontos e riscos de morte. A liberdade de ir e vir está, por ora, ameaçada, pois, ainda que as manifestações sejam justas, elas estão interferindo no direito do outro. Para piorar, o risco de desabastecimento de produtos básicos também passa a ser realidade. Não há muito a dizer, sem favorecer um lado ou outro, restando torcer para que os manifestos prossigam de forma pacífica e sem bloquear o país e a vida de todos, inclusive dos demais eleitores bolsonaristas; e que Bolsonaro se pronuncie e pacifique as coisas, pregando atos ordeiros, que demonstrem a insatisfação de seu eleitorado, mas não coloquem em risco, com paralisações, os avanços econômicos que ele mesmo diz ter conquistado. Em um país dividido de tal forma, qualquer frase dita aqui poderá ser equivocadamente interpretada como a favor ou contrária a qualquer um dos lados. Longe disso. O objetivo é ser apenas a favor do Brasil.
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