Sua majestade, o leitor!

Minha alfabetização foi diferente do que se praticava no fim da década de 1960. Meu pai me ensinou o “beabá” com as manchetes do Estadão. Fazia eu identificar as letras, as sílabas, os fonemas, as palavras, as frases. Nasceu daí minha paixão por jornais. Nunca mais parei de ler tudo o que me caísse em mãos. Quando digo tudo, é tudo mesmo! Jornal de cidade pequena, editado geralmente por abnegados e teimosos, “jornalão”, jornais estrangeiros, jornais de bairro, jornais específicos de um segmento, etc.

E cada leitor tem a sua fórmula para ler o jornal. A maioria lê o que lhe interessa e passa os olhos na capa e nas manchetes. Tem o que lê do fim para o começo e os que, como eu, lê o jornal de forma linear, do começo até o fim, sem pular nada. Leio até sobre assuntos que não me dizem respeito. Tem os que gostam do horóscopo, os que gostam de esportes, da seção de política, do caderno cultural, de economia, dos classificados, dos colunistas, da seção policial, de turismo, da culinária, do editorial, de quadrinhos, das cruzadas, etc.

Mas tem um capítulo à parte. É a razão de existir do jornal: o leitor. É pelo leitor e para o leitor que o jornal trabalha, apura, pergunta, entrevista, fiscaliza, expõe, publica. E não há nada melhor para um jornal do que o leitor que escreve, liga, denuncia, critica, elogia, corrige erros, aponta omissões ou lapsos de memória dos “escribas”. A opinião dele vale muito. Sua manifestação, seja pela seção de carta do leitor ou por suas variantes modernas (correio eletrônico, telefone, Facebook, Instagram, WhatsApp), é uma verdadeira auditoria de qualidade. Existem leitores atentos a tudo o que se escreve. E há os que também escrevem. Não importa se a crítica é dura ou passional. Escrever para o público é submeter-se ao crivo de pessoas atentas.

Fiz um apanhado rápido dos leitores que registraram sua opinião. Recebo sugestões e críticas de forma pessoal, quando encontro o leitor em algum lugar. Não dá para lembrar o nome de todo mundo. Nas redes sociais (Facebook e Instagram) é simplesmente impossível contar quantas pessoas deixam seu registro. O mais fácil foi o correio eletrônico (e-mail) e por telefone. Homenageio a todos pelo dia do leitor.

Sou muito grato aos que gastam seu tempo lendo meus artigos. É muito gratificante. Não importa se para dizer que gostou ou não gostou. Aprenderei do mesmo jeito. O filósofo francês Montesquieu (1689 – 1755) enunciou a teoria da Separação dos Poderes na sua obra “O espírito das leis” (1748), onde traz a ideia de três poderes harmônicos e independentes entre si, sendo eles o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder Judiciário. Há pelo menos 200 anos dizem que a imprensa é o quarto poder. O leitor, sem dúvida, é o quinto, acima de todos. Obrigado excelência!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.