Sorte ou azar

O brasileiro é um dos povos mais supersticiosos do mundo. Ele acredita em mandingas, simpatias e talismãs como poucos. Faz parte do cotidiano do mais rude ao mais instruído. Seja para atrair coisa boa ou para afastar a coisa ruim, sempre dá tempo para uma fezinha.

Comprovadamente dá azar: O chinelo virado pode atrair a morte. Se varrerem seu pé não casará. Vale o mesmo para o último pedaço de bolo. Se sua orelha esquentou devem estar falando de você! Neste caso, vá dizendo o nome dos suspeitos até a orelha parar de arder. Se demorar muito é porque você anda aprontando... Guarda-chuva aberto dentro de casa atrai azar. Pisar no chão gelado depois do banho pode entortar a boca. Apontar para estrelas faz nascer uma verruga em seu dedo. Mulher “naqueles dias” não pode lavar o cabelo, senão o sangue sobe para a cabeça. Cruzar com um gato preto traz azar. Quem brinca com fogo faz xixi na cama.

Pular sobre uma pessoa faz com que ela não cresça mais. Quebrar um espelho provoca sete anos de azar na vida de quem quebrou. Passar por debaixo de uma escada dá azar. Toda sexta-feira 13 é um dia perigoso. Donzela não serve sal, não corta galinha, nem passa o paliteiro. Não coma galinhas no Ano-novo, elas ciscam para trás. Revirar os olhos ao vento pode deixar a pessoa estrábica.

Sabemos que dá sorte: Bater três vezes na madeira. Pimenta afasta o mau olhado e inveja. Colocar um pintinho para piar na boca de um bebê o ajuda a começar a falar. Comer bananas que nascem grudadas aumenta a chance de ter gêmeos. Achar um trevo de quatro folhas traz sorte. Pé de coelho traz sorte. Fazer um desejo ao cortar a primeira fatia do bolo de aniversário leva o desejo a se tornar realidade. A entrada de borboletas ou joaninhas na sua casa é sinal de boa sorte. O gafanhoto verde dá sorte. Usar roupas brancas, pular sete ondas e comer lentilhas no réveillon ajuda a atrair a boa sorte no ano que se inicia.

Os amuletos são objetos de defesa, ao qual se atribui a virtude de afastar malefícios e trazer boa sorte, como a figa, um ramo de arruda, olho, búzio.

O talismã tem a mesma finalidade do amuleto, mas é feito especialmente para determinada pessoa. Há também aquelas pessoas supersticiosas que usam o mesmo tipo de roupa, quando vai fazer algo importante.

Entre os índios da Amazônia, as mulheres, principalmente quando estão grávidas, não podem comer paca, pois do contrário não conseguiriam dormir. Bom, eu se comer carne de paca ou qualquer outra carne exótica imagino que vou ter azia a noite inteira e também não conseguirei dormir.

Acho as superstições existem desde o começo da espécie humana e vão nos acompanhar até o fim dos tempos. O problema é quando se confia mais nisso do que trabalhar.

Eu não dou bola pra essas coisas. Mas não como manga com leite de jeito nenhum!

Autor

Toufic Anbar Neto
Médico, cirurgião geral, diretor da Faceres. Membro da Academia Rio-pretense de Letras e Cultura. É articulista de O Regional.