Sorria – ou como a pandemia criou um novo terror

Os filmes de terror têm se tornado uma das mais constantes opções no cinema, a se ver pelo ainda em cartaz A Órfã 2. Entrou em exibição durante a semana no CineX, no Shopping de Catanduva, uma nova produção do gênero, com o singelo nome de 'Sorria'. Parece que tem se tornado comum filmes de terror com nomes curtos, como Nós, Corra, ou o recente Nope (no Brasil, 'Não! Não Olhe!'). Uma nova geração de autores que, em boa parte, foram gerados pelo terror real da pandemia.   

Rose (Sosie Bacon) é uma psicoterapeuta que fica traumatizada quando uma paciente se mata na sua frente, dizendo ter alucinações de uma mulher com um sorriso estranho, diabólico, que só ela via. Rose tem um histórico de trauma familiar, de quando sua mãe tirou a própria vida na sua frente, e decidiu fazer o possível para ajudar outras pessoas. Considerando o mês e o tema, o 'Setembro Amarelo', o assunto ganha uma coincidente relevância no cinema atual.  

Dirigido pelo estreante Parker Finn, que também assinou o roteiro, Sorria poderia ser um terror sobre a obrigação de se buscar a felicidade numa sociedade obcecada por ela nas redes sociais – também é isso, mas não apenas. Rose, como terapeuta, acumula plantões na clínica onde trabalha. E é justamente quando voltava para casa de um de seus plantões que a emergência recebeu Laura (Caitlin Stasey), uma jovem doutoranda traumatizada ao ver um professor se matar, alguns dias antes, na sua frente, com um martelo. Rose conduz os procedimentos médicos indicados para ajudar a jovem, que se altera completamente. Enquanto pede ajuda ao telefone, a médica não percebe que a paciente quebra um vaso e corta o próprio pescoço, estampando um sorriso perverso no rosto.

Rose entra novamente em estado de trauma, com sua saúde mental desestabilizada, principalmente quando começa também a ver aquela mesma pessoa sorrindo cinicamente para ela – ou seriam apenas alucinações causadas por sua mente traumatizada? Ela tem um noivo, Trevor (Jessie T. Usher), e uma irmã mais velha, rica e esnobe, Holly (Gillian Zinser), interessada em vender o terreno onde fica a casa abandonada da mãe. E como se fosse uma maldição, ninguém acredita nela e na sua saúde mental, enquanto vemos Rose passar de uma jovem bem vestida e maquiada se transformar e perder a sanidade.

A médica volta a pedir ajuda à sua antiga terapeuta (Robin Weigert), que avisa “Para poder ajudar aos outros, precisamos estar com boa saúde mental.” O que logo Rose descobre, não é o caso. Mas como se trata de um filme de terror, sabemos que tudo pode ser sempre mais estranho, como a “entidade” sorridente que, em certa medida, remete a outro psicopata com o riso estampado na cara, o Coringa.

O filme deixa várias pontas soltas, que poderão ser resolvidas em sequências futuras ou prequelas, dependendo do sucesso de bilheteria. Sorria! Você está sendo observado.

Autor

Sid Castro
É escritor e colunista de O Regional.