Soldado anônimo

Anthony Swofford (Jake Gyllenhaal), um jovem atirador de elite americano, enfrenta os piores dias de sua vida na Guerra do Golfo.

Terceiro longa-metragem dirigido por Sam Mendes, renomado diretor britânico, que antes havia realizado “Beleza americana” (1999), pelo qual ganhou o Oscar de melhor diretor, e “Estrada para a perdição” (2002). Na época de “Soldado anônimo”, em 2005, estava casado com a atriz Kate Winslet. O filme serviria de veículo para o ator Jake Gyllenhaal, que naquele ano faria “O segredo de Brokeback Mountain”, em que receberia sua primeira indicação ao Oscar, de ator coadjuvante (Jake é irmão da atriz Maggie Gyllenhaal, de “Secretária” e “Batman – O cavaleiro das trevas”).

Mendes nos entrega um filme de guerra duro, complexo, repleto de críticas disfarçadas, com doses certeiras de um humor ácido e negro. A história, que é real, foi baseada no livro de memórias de mesmo título, “Jarhead”, de Anthony Swofford, um fuzileiro naval que viveu quatro dias de horror na Guerra do Golfo – o livro tornou-se campeão de vendas nos Estados Unidos, e o autor relata com precisão suas experiências traumáticas naquela guerra insana.

A história se acerca de um rapaz que vinha da terceira geração de sua família a servir o Exército. No fundo, ele não queria estar lá. Como fuzileiro num grupo de uma dezena de soldados, é enviado no meio do deserto escaldante do Iraque carregando mais de 50 quilos de armas e bombas nas costas. Sem entender os motivos da guerra, viverá momentos desconfortáveis e ameaçadores.

Os quatro dias que retratam a jornada exaustiva de Swofford são no momento mais feroz da Operação ‘Tempestade do Deserto’, durante a Guerra do Golfo, que ocorreu entre agosto de 1990 e fevereiro de 1991. Nessa operação, os Estados Unidos, sob o governo George H. Bush (o Bush pai), recorreram a ataques aéreos, terrestres e marítimos para libertar Kuwait dos domínios das forças armadas iraquianas, comandadas por Saddam Hussein. Calcula-se que foram mortos 100 mil soldados iraquianos, além de 30 mil kuwaitianos, e cerca de quatro mil soldados americanos. Uma década depois, o Iraque voltaria a ser atacado pelos Estados Unidos, num desdobramento da primeira Guerra do Golfo – o filme foi produzido nesse período, durante o governo de Bush filho, quando houve também a invasão a outro país do Oriente Médio, o Afeganistão, portanto o longa faz críticas, mesmo que subentendidas, a essas duas guerras, consideradas insanas e absurdas.

“Soldado anônimo” não teve tanta repercussão no lançamento, virou cult e ganhou três continuações para home vídeo, entre 2014 e 2019 – a cada filme o time de fuzileiros está em uma guerra diferente, como Afeganistão e depois Síria. Disponível em DVD e para aluguel no Amazon Prime.

Soldado anônimo (Jarhead). EUA/Reino Unido/Alemanha, 2005, 122 minutos. Guerra/Drama. Colorido. Dirigido por Sam Mendes. Distribuição: Universal Pictures

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva