Sobreviver e se reinventar
A deterioração das relações trabalhistas não é exclusividade de quem atua como motorista de aplicativo. É evidente que, diante do cenário de crise sanitária e econômica enfrentada pelo país, milhões de brasileiros caíram na informalidade e lutam contra essa situação e para sobreviver. Quando os apps começaram a cair no gosto da população no interior de São Paulo, fazendo com que serviços de mototaxi e até o transporte circular ficassem em segundo plano, teve quem lançou nessa área na tentativa de aliar o ganho à autonomia, trabalhando por conta e risco. É bem provável que, naquele momento, muita gente tenha realmente ganhado dinheiro e feito sua carteira de clientes. A bem da verdade, a nova profissão de motorista profissional tornou-se uma espécie de salvaguarda para muitas dessas pessoas que perderam seus empregos em meio à pandemia e que, até ali, desfrutavam de boas condições de vida e carro próprio. Foi uma luz no fim do túnel. Claro que, como nem tudo são flores, a rotina estressante do vai-vem no trânsito e no contato com os clientes pesou para muitos desses motoristas, que acabaram abandonando a atividade à medida que a competição aumentou mais rápido do que a demanda. Hoje, passada a fase mais aguda da pandemia, apresentamos levantamento do Detran.SP que mostra o aumento significativo do número de carteiras de habilitação com exercício de atividade remunerada como um dos evidentes reflexos do que vivenciamos nos últimos tempos, junto a relatos de dois profissionais que atuam nesse mercado, transportando pessoas todos os dias. Se alguém ainda tinha dúvida sobre o desemprego e a força dos apps, terá de rever sua opinião.
Autor