Semana passada assisti pela sétima vez o faroeste O Homem que Matou o Facínora (1962), de John Ford. Considero este o melhor filme de todos os tempos. Pela sétima vez fiquei com raiva do bandido (Lee Marvin) e torci pelos mocinhos (James Stewart e John Wayne). Cada vez que assisto um filme novamente (o mesmo vale para livros e músicas), enxergo algo diferente na obra. Dá a impressão que o filme mudou quando na verdade ele sempre foi do mesmo jeito. Nós é que mudamos e enxergamos as coisas com outros olhos. Meio clichê, não? Mas é apenas isso.

O fato é que desta vez, não sei o porquê, prestei bastante atenção na luta entre o bem e o mal. Ela sempre existiu no cinema e teve grandes representantes dos dois lados. Na saga Star Wars (1977) existe a luta entre Darth Vader contra o jedi Luke Skywalker. Em Silêncio dos Inocentes (1981), a agente do FBI Clarice Starling (Jodie Foster) tem um embate com o serial killer Hannibal Lecter (Anthony Hopkins), considerado o maior vilão de todos os tempos.

O Coringa aterroriza Gothan para atingir Batman desde 1940 nos gibis e desde 1966 no cinema. O melhor Coringa foi Jack Nicholson (1989). O Cavaleiro das Trevas tem muitos inimigos: Mulher Gato (Michelle Pfeiffer), Pinguim (Danny De Vito), Duas Caras (Tommy Lee Jones), Charada (Jim Carrey), Homem de Gelo (Arnold Schwarzengger) e a Hera Venenosa (Umma Thurman) dentre outros.

Desde 1998, Lord Voldemort (Ralph Fiennes), “aquele que não deve ser nomeado” é inimigo do bruxinho Harry Porter (Daniel Radcliffe). De bichos, temos o malvado leão Scar (voz feita por Jeremy Irons) contra Simba (voz de Matthew Broderick), o verdadeiro Rei Leão (1994). Temos ainda Aliens contra a tenente Ripley (Sigourney Weaver). O Tubarão contra o xerife Brody (Roy Scheider). Dá para considerar Os Pássaros de Hitchcock contra a humanidade.

Entrando na seara do terror, contra jovens temos o imortal Jason da Sexta-Feira 13 (1980) e Freddy Krueger da Hora do Pesadelo (1984). Tem ainda Jack Torrance (Jack Nicholson de novo) em O Iluminado (1980), Norman Bates em Psicose (1960) e Drácula (vários).

Na onda recente dos super-heróis, temos o ardiloso Loki contra Thor e Thanos contra os Vingadores. Em filmes futuristas temos o robô T1000 (Robert Patrick) contra o Exterminador (Arnold Schwarzengger) em Exterminador do Futuro 2 (1991) e o Agente Smith (Hugo Weaving) contra Neo (Keanu Reeves) em Matrix (1999).

Já escrevi sobre isso. No cinema, os conflitos entre bandidos e mocinhos duram em média duas horas. O problema é quando saímos do cinema e voltamos para o mundo real. Vivemos tempos de notícias falsas (fake news), de intolerância e de discussões para ver quem é menos corrupto. Bandidos e mocinhos, com frequência tem trocado de lugar. Está difícil distinguir quem é quem...