Soberba mitológica

Dentro da mitologia grega, temos uma história um tanto quanto interessante, mas vamos refletir acerca de Ícaro e suas asas. 

Ícaro, filho de Dédalo, foi aprisionado no labirinto criado por seu pai para conter o Minotauro a mando do rei Minos, ato esse em retaliação por Dédalo ter ajudado a filha do rei a fugir com seu amante. Para tanto, sabendo que seria impossível fugir pelo labirinto, Dédalo construiu uma asa utilizando penas de diversos pássaros e moldada com cera para fixá-las. Percebendo que sua invenção havia dado certo, equipou seu filho Ícaro, não sem antes adverti-lo sobre o perigo de voar muito próximo ao sol.  

Entretanto, Ícaro se sentiu um Deus e deslumbrado com a beleza irradiada do sol, foi se aproximando cada vez mais, sem se dar conta de que suas asas estavam a ponto de derreter. Não se dando conta do perigo e tomado pela soberba em achar-se um Deus, despencou do ar e morreu. 

A mesma ideia mitológica se dá àqueles tomados pela soberba e que voam cada vez mais alto em asas de cera, esquecendo que há a necessidade de cautela. O calor é bom e aquece, porém, seu excesso queima, derrete, assim como muitas outras coisas em nossas vidas. Portanto, não se deixe levar pela glória momentânea, principalmente ao utilizar outras pessoas como parte dessa ascensão, pisando naqueles que deram suporte. 

Galgar sucesso não é errado, errado é colocar-se como alguém inatingível, orgulhoso, achando que nunca irá despencar, pois, assim como Ícaro, a queda sempre traz perigos que podem arruinar toda uma construção e, o pior, envolver aqueles que lhe auxiliaram no ato de voar. 

Bravatas 

Bravatas! Brados tortos que incessantes 

Atravessam o espaço e brutalmente 

Recebidos aos ouvidos tolerantes 

Incautos! Atacados ferozmente 

 

Perfeitas palavras jogadas ao léu 

Peçonha que vislumbra o poder 

Não mais fala, regurgita o fel 

Puritanismo que começa a feder 

 

Não demorou em ser desmascarada 

Alinhada a gritos e rompantes 

Aproximando-se de sua derrocada 

Audácia tão frágil e delirante 

 

É, quiçá, há de haver reprimenda 

Donde virá ao veneno engolir 

Pois não haverá quem defenda 

Presunçosos estão falados a ruir 

 

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva