Só você

Faith (Marisa Tomei), na infância, descobriu brincando com um tabuleiro de Ouija que o seu futuro namorado se chamaria Damon Bradley. Hoje, aos 30 anos e prestes a se casar com um médico, fica sabendo que um conhecido de seu noivo tem o nome de Damon Bradley e está em viagem a Veneza. Pasma e desesperada, viaja a Veneza com amiga Kate (Bonnie Hunt), acreditando ser uma mensagem do destino. Em Veneza, Faith conhece de pertinho um rapaz charmoso de nome Damon Bradley (Robert Downey Jr), iniciando uma aventura amorosa.

Divertida e alto astral, essa comédia romântica dos anos 90 acaba de ser lançada em DVD no Brasil pela Obras-primas do Cinema, a pedido dos colecionadores. Com um roteiro bem cara de filmes românticos dos anos 50 (que lembra lugares e personagens de “A princesa e o plebeu”), é um passeio por lindas paisagens da Itália, como a Fonte de Netuno, na Piazza Navona, em Roma, pontos históricos de Siena, na Toscana, tour pelas águas de Veneza e muitas gravações nos estúdios da Cinecittá (em Roma). A atriz Marisa Tomei tinha acabado de ganhar o Oscar de coadjuvante por “Meu primo Vinny” (1993) e desfrutava o prestígio da carreira, aqui num papel leve e gracioso de uma noiva (de nome Faith, olhe só a coincidência!), que vai atrás de um cidadão desconhecido que poderia ser o homem de sua vida, marcado pelo sopro do destino após uma sessão num tabuleiro de Ouija e numa conversa com uma vidente; Robert Downey Jr, em início de carreira e indicado ao Oscar um ano antes, por “Chaplin” (1992), projetava-se como galã, tinha forte presença em cena, e em “Só você” aparece apenas a partir da metade, como o misterioso Damon Bradley, o possível “homem da vida” da protagonista. Entre os dois rola muita química, bons momentos de romance e humor, graças à dupla que sabe interpretar papeis desse nível. Bonnie Hunt (de “Rain Man”) e o ator português Joaquim de Almeida (de “Bom dia, Babilônia”) são bons coadjuvantes que auxiliam a trama andar.

Foi o primeiro trabalho da roteirista Diane Drake, de “Do que as mulheres gostam” (2000) e um dos filmes menos lembrados do canadense Norman Jewison, um de meus diretores de cinema favoritos, que está vivo, aos 97 anos; indicado a sete Oscars, Jewison fez obras máximas do cinema como “No calor da noite” (1968), “Um violinista no telhado” (1972), “Jesus Cristo Superstar” (1973) e “Feitiço da lua” (1987). Se gosta de comédia romântica irá curtir “Só você”, também lançado no Brasil com o título original, “Only you”.

Só você (Only you). EUA/Itália, 1994, 109 minutos. Romance. Colorido. Dirigido por Norman Jewison. Distribuição: Obras-primas do Cinema

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva