Só a educação muda o rumo da política
A política, até pouco tempo atrás, foi a forma que sociedade encontrou para se organizar e para resolver suas diferenças de maneira civilizada, debatendo o melhor rumo a seguir para a coletividade e as universidades tiveram um papel fundamental na instrumentalização dos diferentes atores na democracia.
Os brasileiros assistem boquiabertos cenas impensáveis como o assassinato de uma pessoa em razão da sua opção política, famílias inteiras sem casa, vivendo nas ruas, desemprego, alta de preços de itens básicos e finalmente a fome. É urgente retomar o papel da universidade como local de universalidade e/ou totalidade, como sugere a etimologia do termo, agrupamentos de mestres e estudantes com interesses em comum congregados numa mesma escola.
É do debate, do confronto de ideias, da diversidade de pessoas e de interesses, que a humanidade chegou até aqui e é, justamente pela falta dessas mesmas coisas que caminha a passos largos à barbárie. A educação é peça chave para mudar o rumo da política e por isso deve ser valorizada urgentemente.
Truculência, grosseria, violência, autoritarismo, opressão, tirania e prepotência não são novidades na história do mundo, mas associados aos novos mecanismos inventados pelas chamadas “big techs”, a virulência do mal tem se alastrado com enorme velocidade pelo mundo, catapultando a razão para fora do xadrez político válido até então.
A nova regra é batizar tudo como uma guerra de narrativas, como se o que se apregoa pelo mundo não o transforme. As ideias são poderosas porque tornam-se atos, logo é importante prestar atenção naquilo que se pensa, a leviandade e o cinismo não podem vencer no “mundo ideal” de Platão, pois colocará em risco tudo aquilo pelo qual aqueles que nos precederam lutaram.
Devemos reconhecer, como animais políticos que somos, nossa insuficiência, seja à direita ou à esquerda, para seguirmos juntos em debate de ideias que podem ou não ser próximos às nossas crenças, mas nunca substituir o debate pela crença, pois aí rompe-se a lógica do sistema político e instaura-se o vale tudo que infelizmente se espalha pelo mundo.
É papel da educação formar jovens críticos sim e isso não é apologia à ideologia A ou B. Tente explicar ao seu filho que a fama ou estrelato deve vir acompanhado de algum talento, e que é importante pesquisar a fonte de onde essas “narrativas”, que surgem nas “timelines”, são produzidas e reproduzidas por robôs alheios a qualquer ética humana e perspectiva de futuro.
Ou ressignificamos a educação ou perderemos a guerra para a vergonha de viver uma distopia pior do que a prevista em qualquer livro imaginado. Salvem a educação para que ela possa nos salvar.
Pedrolina Mendonça de Mesquita
Reitora do Centro Universitário Paulistano - UniPaulistana
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