Sexta-feira “mei-dia” e o descanso do trabalho

Surgiu recentemente um “meme” nas redes sociais chamado “sexta-feira mei dia”, onde um homem costuma postar um vídeo dizendo que a partir daquele horário ele não trabalhará mais naquela semana e incentiva as demais pessoas a também parar de trabalhar na sexta-feira ao meio-dia. 

E esta brincadeira, embora muito despretensiosa, atingiu e atinge até atualmente milhões de visualizações, justamente porque toca em um tema sensível para o ser humano, que é a relação entre descanso e trabalho. 

Vejam, leitores, nós temos os descansos anuais que são as férias, temos os feriados, os descansos semanais, o intervalo dentro da jornada, para refeição de descanso, e também o descanso entre uma jornada de trabalho e outra. 

Ou seja, da mesma forma que o trabalho é importante, o descanso também o é, tanto para a vida pessoal do trabalhador como para sua satisfação profissional e produtividade no trabalho, pois o empregado com corpo e mente descansado consegue ver muito mais sentido nas atividades que realiza. 

Por outro lado, o trabalhador que tem como rotina o trabalho exaustivo, sem perspectiva de quando poderá descansar devidamente, tem uma tendência de ser menos produtivo, de adoecer pelo trabalho, e até mesmo querer trocar de trabalho, o que gera também uma rotatividade que é ruim para a empresa e para os trabalhadores. 

Por isso, a partir de uma brincadeira das redes sociais, eu trago essa temática do descanso do trabalho. Não é à toa que a legislação prevê estas formas de descanso aos empregados, e também para aquele que trabalha por conta própria é necessário e primordial o descanso, para que efetivamente ele possa retornar à sua atividade renovado e ser mais produtivo. 

E isso também nos traz uma importante e interminável discussão sobre a redução da jornada e da carga horária semanal de trabalho, que em muitos países já é menor que a prevista no Brasil. 

Muitas iniciativas e pesquisas demonstram o êxito desta redução, concluindo que uma jornada reduzida leva à uma produtividade igual – e muitas vezes maior – à jornada de oito horas diárias. 

Enfim, longe de querer esgotar este tema tão vasto, termino este artigo apenas com esta reflexão sobre a importância do descanso pós trabalho, já que o trabalho é um direito social, uma forma de se alcançar nossa dignidade e que nos permite buscar outros sonhos em nossas vidas, e por isso não pode ser exaustivo, sem sentido e um empecilho ao nosso bem-estar na vida pessoal. Ou seja, o trabalho deve libertar e não escravizar.

Autor

Evandro Oliveira Tinti
Advogado, especialista em Direito e Processo do Trabalho pela EPD, mestrando em Direito e Gestão de Conflitos pela Uniara e coordenador da comissão de Direito do Trabalho da OAB de Catanduva, e articulista de O Regional