Sexo desprotegido

A falta de preservativos masculinos na rede pública de saúde mostra clara desorganização do governo federal. Numa analogia simples, é falha de gestão semelhante ao desabastecimento de vacinas ocorrido em vários momentos, neste governo e no anterior. Durante a pandemia da Covid-19, as críticas direcionadas à demora e à falta de doses do imunizante eram mais incisivas, talvez porque muitas pessoas estavam morrendo devido à agressividade do novo vírus. Já as infecções sexualmente transmissíveis, por mais que matem todos os dias, não são mais vistas com tal pavor, o que talvez explique porque a falta de preservativos não resulte em protestos. Infelizmente, vários estudos indicam que a percepção de risco em relação à Aids, a mais grave das infecções, diminuiu entre os jovens. Isso pode ser atribuído a fatores como os avanços no tratamento, o que pode levar a acreditar que a doença não é mais tão grave, e a falta de campanhas de conscientização, que tende a favorecer a desinformação. Somando tudo isso, pode-se ter a falta de uso de preservativos nas relações sexuais e o aumento do número de parceiros, aumentando, por consequência, o risco de infecção. As autoridades precisam ver que esse cenário é extremamente desastroso para o enfrentamento do HIV/Aids e outras ISTs. Já se tem pouca adesão ao uso da camisinha e quem quer usar não a encontra nos postos de saúde. Ainda que o valor de compra não seja inalcançável para a maioria, também é certo que para outra parcela da população isso seja um claro desestímulo ao uso da proteção, facilitando a disseminação de doenças e a gravidez não planejada. Em outros tempos, o Brasil foi exemplo no enfrentamento da Aids, com campanhas de grande impacto, tratamento gratuito na rede pública e oferta de métodos contraceptivos. Não se pode baixar a guarda para algo tão perigoso.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.