Sem continuidade
A mudança brusca da solução proposta pelo poder público, em conjunto com a Rumo, para o conflito causado pela linha férrea em Catanduva mostra que não houve continuidade da gestão administrativa dos anos anteriores para esta, provavelmente nem mesmo dentro da Rumo. Basta pensarmos que o projeto técnico para retirada dos trilhos da área central da cidade foi elaborado em 2005 e tramitou em inúmeros órgãos aos longos dos anos, obtendo todas as autorizações necessárias – econômicas e ambientais, inclusive – e nunca se cogitou abandoná-lo. Aquela proposta seguiu em frente até ser anunciada em 2020 (ou seja, 15 anos depois) como uma das contrapartidas assumidas pela Rumo para conseguir a renovação antecipada de sua concessão com a União. O acordo foi assinado com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), no dia 27 de maio daquele ano, em solenidade que teve a presença do atual governador Tarcísio de Freitas, então ministro da Infraestrutura de Bolsonaro. O contrato original da empresa, que venceria em 2028, foi renovado por mais 30 anos naquela ocasião. Pelo que se divulgou na época, a confirmação das obras em Catanduva deu-se porque a cidade já tinha os projetos prontos e esse planejamento foi considerado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ao definir quais exigências seriam incluídas no novo megacontrato ferroviário. Com isso, o pacote anunciado naquela ocasião para os 5 anos seguintes somava R$ 6 bilhões a serem aplicados pela empresa em obras, trilhos, vagões e locomotivas, incluindo a obra em Catanduva. Agora, pelo que foi confirmado pelo prefeito Padre Osvaldo, tudo isso deverá ficar no passado, inclusive as despesas feitas, e o investimento milionário da empresa será injetado dentro da área urbana para construção de viadutos e passarelas, mantendo os trilhos impávidos onde estão.
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