Saudade das chuvas

Saudade dos tempos em que as últimas chuvas caíram dos céus sobre o solo brasileiro, fazendo sorrir nossas florestas e nossas pastagens verdejantes, dando um alento especial à produção agrícola de que tanto necessitamos em todo o território nacional, sentimos a necessidade delas, ao contrário dos dias atuais, sofrendo com a seca, com os incêndios e com a falta de umidade.

O grande escritor paraibano José Lins do Rego escreveu: se chove, tenho saudade do Sol. Se faz calor, tenho saudade da chuva. Tanto o Sol quanto a chuva são de extrema importância para a nossa sobrevivência neste planeta de contradições e absurdos.

De certo modo, a frase escrita pelo escritor paraibano faz refletir sobre a permuta desses dois elementos essenciais que fazem parte do nosso cotidiano.

Quando chove, toda a vegetação é regada e os reservatórios se enchem desse líquido precioso e indispensável que é a água, chegando ao ponto de remontar sentimentos e saudade do Sol. Entretanto, quando faz Sol e a temperatura atinge o frio suportável, bate aquela saudade contida da chuva.

Sem água as plantações não vingam e sem o Sol a mesma situação. Há, às vezes, de nossa parte certa incompreensão sobre esse desenrolar que, independente do desejo humano e se tal dependesse da nossa vontade, viveríamos em constante guerra para ver qual vontade prevalece.

Tanta gente importante e competente já deu o seu parecer, tanto é que teve grande impacto a entrevista do biólogo que explicou o fim do cerrado e o quanto isto o implicará na falta de chuvas para a região sudeste, principalmente, uma das grandes prejudicadas. Nessas condições, não há mais dúvidas de que o desmatamento da floresta amazônica também desviou de nós as chuvas abençoadas e necessárias.

Afinal, aonde elas estão? Sentimos saudade eterna das semanas chuvosas de janeiro e fevereiro, quando a natureza cumpria sua missão indispensável e não faltava àqueles que delas tinham por objetivo realizar os feitos indispensáveis de todo o gênero dentro de um contexto geral.

Enquanto as chuvas não vêm, o que será de nós, pobres mortais, sem água. Nossos governantes, preocupados com a situação, não sabem o que fazer. Tentam algumas formas e explicando o inexplicável em relação à crise histórica jamais vista nos dias atuais.

Enfim, as chuvas deverão aparecer, não o suficiente para consolidar a realização de tudo que se faz necessário, mas o suficiente para que, aos poucos, nossas florestas renasçam e nossos rios com mais abundância de água para a felicidade dos produtores rurais e do próprio país contemplado com esse efeito milagroso.

Enquanto ficamos na expectativa do aparecimento das chuvas, não há outra alternativa senão depositar fé e esperança com orações junto ao Criador, para que elas caiam sobre o solo de toda a Nação, fazendo com que o alento de esperança se estenda a todos que desejam prosperidade em todos os campos de atividade profissional que fazem parte do dia a dia da existência de cada um.

Enquanto ficamos isentos da chuva, há de se fazer com que a esperança permaneça, com votos de que as chamas dessa fogueira se mantenham acesas e que delas sejam a expressão máxima a todos com pensamento positivo, porque existe uma lei maior que nos rege com toda a eficiência e objetividade, capazes de se transformar nas coisas sublimes da vida.

O que mais falta para os homens tomar consciência de que a natureza é perfeita? Porém, é claro, que é um ciclo natural da vida e, quando se acaba com uma vegetação extensiva, as consequências são gravíssimas. E isso é só o começo.

Autor

Alessio Canonice
Ibiraense nascido em 30 de abril de 1940, iniciou a carreira como bancário da extinta Cooperativa de Crédito Popular de Catanduva, que tinha sede na rua Alagoas, entre ruas Brasil e Pará. Em 1968, com a incorporação da cooperativa pelo Banco Itaú, tornou-se funcionário da instituição até se aposentar em 1988, na cidade de Rio Claro-SP, onde reside até hoje.