Santuário Nossa Senhora Aparecida

Hoje, dia 12 de outubro, nada melhor do que aproveitar a data para contar um pouco sobre o Santuário Nossa Senhora Aparecida. A história da construção da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida está totalmente ligada com a chegada dos Padres Doutrinários em Catanduva, no ano de 1949.

A vinda dos padres se deu a pedido de Monsenhor Albino, pois seriam muitos úteis para auxiliá-lo nos trabalhos da Paróquia de São Domingos, na época, a única da cidade.

Além dessa primeira missão, Monsenhor Albino delegou aos padres a tarefa de organizar um pensionato de estudantes aqui em Catanduva e de mobilizar meios para a construção de uma paróquia, no bairro do Higienópolis, que era muito esperada pelos moradores locais e até já possuía uma nomenclatura: Santuário Nossa Senhora Aparecida.

De acordo com o professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli, em seu Boletim Só 10, Nº 32, “(...) como ainda não havia um local determinado, os padres receberam alguns terrenos em doação no bairro do São Francisco e lá deram inicio à construção do seminário e de uma capela”.

Porém, o desejo de construir uma igreja no bairro do Higienópolis era antigo e movia todos os moradores do local, pois no ano de 1950, muitos moradores e comerciantes do bairro já tinham enviado ao prefeito municipal, Sr. Antonio Stocco, uma representação pedindo a construção do templo.

O pedido, porém, não surtiu efeito, e somente na próxima administração começou a se desenvolver.

Nova Paróquia

Em meados da década de 1950, o Bispo Diocesano de São José do Rio Preto, D. Lafayette Libanio, tendo em vista a necessidade de abrigar o grande número de fiéis do bairro Higienópolis promulgou o seguinte decreto:

“Fazemos saber que atendendo ao bem dos fiéis a nós confiados (...) desmembrar da Paróquia inamovível de São Domingos de Catanduva o território que em seguida vai indicado e nele erigir canonicamente uma nova paróquia amovível, conforme o Cânon 454, parágrafo 3º, que se denominará Nossa Senhora da Conceição Aparecida (...) Dado e passado nesta Cúria Diocesana de São José do Rio Preto sob o sinal e o selo de nossas armas, aos 25 de maio de 1954”. (Inscrição presente no Livro do Tombo Nº 1, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, transcrita pelo professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli).

A instalação da paróquia se deu no dia 22 de agosto de 1954, no mesmo dia em que se inaugurava o Seminário César de Bus, sob responsabilidade dos Padres Doutrinários.

A cerimônia de inauguração se deu na capela do São Francisco, que fazia parte do território do Santuário, cuja sede era no Higienópolis.

O primeiro pároco foi o padre Sílvio Gasparotto, da ordem dos Doutrinários, nomeado por Dom Lafayette Libanio, em 05 de julho de 1954 e empossado por Monsenhor Albino.

Uma das primeiras medidas deste padre foi conseguir encontrar um terreno para a construção do referido Santuário, pois o pedido da construção na Praça da Independência estava gerando grande polêmica na cidade, inclusive na Câmara Municipal de Catanduva, levantando opiniões favoráveis e contras.

Em 26 de novembro de 1954, o Sr. Joaquim Jorge Estevam e sua mulher, D. Maria Jorge Estevam, doaram um terreno correspondente ao “(...) quarteirão circundado pelos futuros prolongamentos das ruas Espírito Santo, Benjamin Constant, Rio Grande do Norte e Marechal Deodoro, com área de 10.760 metros quadrados, situados à Vila Jorge”.

A única condição era de que se no terreno não fosse construída a Igreja Paroquial do Higienópolis, o terreno retornaria aos doadores, o que de fato aconteceu, pois a Câmara Municipal de Catanduva aprovou a construção da igreja na Praça da Independência. Futuramente esse terreno foi novamente doado e serviu como abrigo para o Instituto dos Cegos.

Depois de muitas discussões em plenário, o Projeto de Lei que autorizava a construção do Santuário na Praça da Independência foi aprovado por todos os vereadores, exceto um, se transformando na Lei Nº 260, de 27 de dezembro de 1954, que “dispõe sobre autorização para a construção do Santuário Nossa Senhora Aparecida na Praça da Independência de Catanduva”.

A construção

Após a aprovação, todos os esforços estavam voltados para a construção do Santuário, sendo montada uma Comissão Pró Construção, sob a presidência de honra de Padre Albino.

O jornal A Cidade, de 06 de março de 1955 informava “(..) que a elaboração do projeto do templo foi confiada ao arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, da Capital”, neto do famoso pintor Benedito Calixto, autor das belas telas da Igreja Matriz de São Domingos.

Em 08 de setembro de 1955, saía da Matriz uma grande procissão levando um tosco cruzeiro e a imagem de Nossa Senhora Aparecida em direção à Praça da Independência, onde sobre os alicerces, o cruzeiro foi plantado.

No mês seguinte, Padre Silvio comprou, em nome dos Padres Doutrinários, uma casa situada na rua Santa Catarina, para ser a futura Casa Paroquial.

Em 08 de agosto de 1956, em uma das paredes que estavam sendo levantadas foi colocada, em ato solene, uma Pedra Relíquia trazida da cidade de Roma, que tinha recebido a bênção do Papa Pio XII.

A relíquia foi extraída do sepulcro de São Pedro e tem a seguinte inscrição em latim: “uspicalis lápis huius aedis Deipare Virgiuis a Prodigiali visiani fundamentis Petrianae Basilicae crutus a Pio XII Pont. Masc. Dono datus est quad Faustium Félix Salutari Sit”.

No local onde se encontra a pedra temos a seguinte inscrição, como tradução livre daquela em latim: “Esta pedra foi extraída dos alicerces da Basílica de São Pedro. Foi doada e benta pelo Santo Padre, o Papa Pio XII, ao Santuário de Nossa Senhora Aparecida de Catanduva, para que seja penhor de grandeza, felicidade e santidade”.

O trabalho não parava e muitas eram as campanhas realizadas para o levantamento de verbas para a construção. Felizmente, vários foram os doadores de grandes quantias de dinheiro para o desenvolvimento do Santuário, como o governo italiano, que doou à Congregação dos Padres Doutrinários, destinado ao Santuário Nossa Senhora Aparecida uma valiosa ajuda de CR$ 900.000,00. Outro exemplo de grande doação foi o Governo do Estado, que doou uma verba de CR$ 4500.000,00, como auxílio para as obras, que já estavam em fase de conclusão.

Com a parte de construção quase toda pronta, a Prefeitura Municipal de Catanduva, que tinha à frente novamente a figura de Antonio Stocco, remodelou completamente a Praça da Independência, seguindo o projeto elaborado pelo arquiteto Dr. Luiz de França Roland, em 1962.

Importância

Em 14 de abril de 1963, a revista O 14 de Abril, trazia as seguintes informações: “O templo abrange uma área de 1.500 m², por 16 metros de altura. O forro é uma verdadeira obra de bom gosto e arte, pois que será em caixetões em relevo, trabalho feito em diversas madeiras, como imbuia, marfim e cedro rosa. Esse forro, em estilo basilical, contará com quatro trabalhos em alto relevo de dois metros quadrados cada um e no centro o emblema da Congregação dos Padres da Doutrina Cristã (...) O Santuário de Nossa Senhora Aparecida é a matriz da paróquia do mesmo nome (...)”.

O campanário, ou seja, os sinos do santuário, foram inaugurados em 09 de julho de 1978, pesando, aproximadamente, 3.000 quilos.

A partir do ano de 2000, com a criação da “Catanduvensis Diocesis” – “Diocese de São Domingos de Gusmão”, pelo Papa João Paulo II, em 09 de fevereiro, o Santuário passou a ser a Sé Catedral, englobando 16 municípios.

 

Fontes:

 - Boletim Só 10, Nº 32, agosto de 2008, de autoria do professor Sérgio Luiz de Paiva Bolinelli.

 - Jornal A Cidade, de 06 de março de 1955.

Material pesquisado no acervo do Centro Cultural e Histórico Padre Albino.

 

Foto: Catedral de Nossa Senhora Aparecida no ano de 1963. Nela, já vemos o jardim refeito pelo prefeito municipal Antonio Stocco, em 1962.

Autor

Thiago Baccanelli
Professor de História e colunista de O Regional.