Ruptura das linhas inimigas

Em 1944, oficiais nazistas são acusados de uma conspiração para matar Adolf Hitler com o objetivo de colocar fim à guerra. Um oficial alemão é incumbido então de entrar nas linhas inimigas para comunicar o plano aos americanos.

Exibido na TV brasileira como “Missão: Assassinar Hitler”, esse filme de ação e guerra de 1979, pouco lembrado pelo público, é a continuação de “A cruz de ferro” (1977), uma grande fita de guerra do violento e polêmico cineasta norte-americano Sam Peckinpah (de “Meu ódio será tua herança” e “O casal Osterman”). Aqui é outro diretor, o britânico Andrew V. McLaglen, de fitas de faroeste e ação populares nos anos 60 e 70, como “Heróis do inferno” (1968, com John Wayne) e “Selvagens cães de guerra” (1978, com Richard Burton), que mesmo sem as artimanhas estéticas de Peckinpah conseguiu realizar um filme dramático, aflitivo, inspirado em fatos verídicos (foram inúmeros atentados contra Hitler no curso da História, de aliados a opositores, e o mais famoso foi a Operação Valkyria, que virou filme duas vezes). Há sequências tensas de bombardeios e tiros, bem realizados, e a cada momento surge algo diferente na trama, que coloca os personagens em risco constante nas linhas inimigas.

Curioso que é uma sequência de “A cruz de ferro”, mas com poucas referências ao anterior: retornam dois personagens fundamentais, o sargento Steiner (antes papel de James Coburn, agora de Richard Burton) e o major Stransky (Maximilian Schell foi substituído por Helmut Griem), e é o mesmo produtor, o alemão Wolf C. Hartwig. Só! O restante é novo: nova história, novos atores, nova direção.

O elenco é repleto de nomes notórios – além de Burton, tem Rod Steiger,Robert Mitchum, Curd Jürgens Michael Parks e Klaus Löwitsch. E outra curiosidade: como a produção é alemã, rodado na Áustria, e o filme foi feito para ser vendido na Alemanha, os atores americanos foram dublados, em alemão!

Saiu mês passado em DVD no Brasil na coleção “Cruz de ferro”, pela Classicline, em disco triplo: tem a versão original (de 132 minutos) de “A cruz de ferro” (1977) e duas versões de “Ruptura”: a estendida (de 111 minutos, que é a versão americana) e a compacta (com 83 minutos, exibida na TV brasileira e com dublagem em português). Vale ver!

Ruptura das linhas inimigas (Steiner - Das eiserne kreuz, 2. Teil/ Breakthrough). Alemanha, 1979, 111 minutos. Guerra. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Andrew V. McLaglen. Distribuição: Classicline (DVD de 2022)

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva