Nesta semana completou 40 anos do mais icônico festival de música já realizado no Brasil: “Rock in Rio”. O Brasil não era rota frequente dos principais astros da música internacional. A fama não era boa. Dos super astros, tinha acontecido um show com Alice Cooper em 1974, com invasão de palco e ameaça de interrupção.

O estigma foi quebrado apenas em 1980 quando Frank Sinatra veio ao Brasil. Fez muitas exigências. 13 containers de navio carregados com equipamentos de som foram trazidos dos Estados Unidos. No Maracanã deu 175 mil pessoas. A vinda dele foi um sucesso e com exceção do ataque do “Beijoqueiro”, não houve grandes sustos. Ele voltou ao Brasil no ano seguinte. O êxito da empreitada ajudou a convencer grandes astros a virem para o Brasil.

Eram muitos desafios. A ideia do festival era superar o lendário festival de Woodstock (1969) – público de 500 mil pessoas. Reuniu mais do que o dobro. Tinha ainda o desafio de viabilizar financeiramente o evento. Além disso, trazer uma constelação de astros da música internacional e mesclar com grandes nomes da música brasileira. E o medo do fracasso? E se não vendesse? E se o público não gostasse? Imagino o frio na barriga de quem trabalha neste ramo.

O festival foi aberto em 11 de janeiro por Ney Matogrosso com um público de 140 mil pessoas. O último show foi no dia 20, da banda britânica “Yes”. Dos brasileiros, se apresentaram o tremendão Erasmo Carlos, Pepeu Gomes e Baby Consuelo (só mudou para Baby do Brasil em 1994), Ivan Lins, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Os Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Blitz, Moraes Moreira, Alceu Valença, Kid Abelha, Eduardo Dusek, Barão Vermelho e Rita Lee.

Dos estrangeiros, vieram dos Estados Unidos: Al Jarreau, James Taylor, George Benson e os grupos B-52s e as Go-Go’s. Da Austrália veio a banda AC/DC. Da Alemanha vieram o grupo Scorpions e a extravagante cantora Nina Hagen. Por fim, do Reino Unido, vieram as maiores estrelas do festival: o ex-coveiro Rod Stewart, o cantor Ozzy Osbourne (tinha no contrato dele a proibição de comer morcegos no palco), a já citada banda Yes e além dela, Whitesnake, Iron Maiden. Deixei para o fim, a banda Queen, que já tinha vindo ao Brasil em 1981. Fez um show tão emocionante que é comentado até hoje e consta na cinebiografia do tanzaniano Fred Mercury.

Algumas curiosidades que cercam o evento: recorde de hamburgueres vendidos em um dia (79 mil); A palavra “metaleiro” foi inventada para se referir aos fãs de heavy metal deste festival; um astrólogo foi contratado para fazer o mapa astral do evento.

Passado todo este tempo, ficou na memória mesmo de quem não foi pois foi amplamente noticiado e os shows, posteriormente transmitidos na televisão. Tem bastante coisa no Youtube. É o tipo do sonho que você nunca desperta.