Reparcelamentos sem fim

O Refis - Programa de Recuperação Fiscal é visto por muitas pessoas como benefício aos devedores e até, na visão de muitos, como um favorecimento aos desonestos. A ideia é que muitos contribuintes não honram seus compromissos com a administração pública, deixando seus impostos acumularem livremente, para depois gozarem dos descontos de juros e multas proporcionados pelo Refis para buscarem a regularização, parcelando e reparcelando suas dívidas infinitamente. Agora, convenhamos, alguém quer de fato viver dessa maneira, com parcelas a perder de vista, criando uma grande bola de neve, ainda que os juros sejam insistentemente anulados? Quem defende o programa segue essa visão: quem deve pode ter passado por um momento de dificuldade financeira e, sem abatimento de juros e multas, terá dificuldades para colocar suas contas em dia. Além disso, ao poder público interessa – e muito – recuperar esses valores perdidos, tendo uma verba a mais para investir na cidade ou, na linguagem popular, “fazer política”. Afinal, quanto mais dinheiro em caixa, mais o governante pode “mostrar serviço” – ainda que isso não seja regra e muitos só engordem seus próprios bolsos. De qualquer forma, em Catanduva o Refis vem se repetindo ano a ano, refletindo em indicadores sempre favoráveis ao erário quando se vê o montante negociado e valores que entraram nos cofres públicos. Será que tudo isso entraria normalmente sem o Refis? Difícil dizer. Seria preciso ficar anos sem programas do tipo para, em longo prazo, ter efeito comparativo. Com a linha política atual, digamos que bem popular, e as dificuldades impostas pela economia nacional, diminuindo o poder de compra da população e achatando os salários, é de se imaginar que esse tipo de iniciativa se perpetue. Se estiver fazendo bem aos dois lados, que assim seja.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.