Relativismo e Competência Moral
Em uma sociedade liquida e em constante mudança, em que alguns preconceitos são tomados como valores morais universais absolutos, ou seja, imutáveis, nos deparamos com uma crescente relativização moral, no que tange aspectos que regimentam a conduta social de uns em detrimento de outros.
Deixando mais claro, isso significa que para uns, tudo pode, ignorando leis e condutas necessárias para o convívio ético, pautado nos pactos civilizatórios que organizam o tecido social na qual estamos inseridos, mas para outros, essas mesmas regras que são ignoradas, se fazem rígidas e por vezes, cruéis. Podemos observar isso claramente nas ações contra brancos e pretos e a diferença também entre ricos e pobres.
Claro que nada disso é novo e nem espanta, o Brasil é repleto dessas desigualdades em todo seu território, mas o que assusta é que vemos um avanço moralizante que se pauta explicitamente em relativizar regras e leis para favorecer a classe dominante. Aqui iniciamos um novo ponto, que é o duplo aspecto da moral elaborado por Georg Lind, que consiste nas orientações morais, que de acordo com o autor, são inatas, ou seja, temos uma noção daquilo que é certo e errado e a Competência Moral, que pode ser ensinada.
A Competência Moral é a capacidade de resolver situações problemas, contendas e conflitos sem o uso da violência, sem enganar e/ou coagir outrem. Notem que é praticamente o oposto do que vemos como comportamento de alguns, inclusive líderes políticos, que fomentam o uso da violência para prevalecer seu discurso moralista.
Concomitante a esse pensamento relativista e moralista, a educação, que poderia se aproveitar do espaço privilegiado para fomentar a competência moral, tem sido levada por uma onda neoliberal, que visa mão de obra barata e afastar a moralidade dos currículos, assim, a ideia é formar pessoas capazes se serem inseridas rapidamente no mercado de trabalho, mas que são incompetentes moralmente falando, não conseguem resolver nada sem violência.
Infelizmente, estamos longe de construir de fato uma sociedade equitativa, mas a escola, a partir da sua perspectiva formadora, aliada aos princípios norteadores da LDB, deveria rever a estrutura curricular, bem como a realidade tácita em que estamos e buscar a promoção da construção de valores morais. Só assim, creio que poderemos diminuir a virulência das ações, bem como a diminuição da violência impregnada e por muitas vezes, fomentada por nós.
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