Relacionamentos como meio de crescimento

Relacionamento é o grande instrumento de aprendizado que temos aqui neste mundo. É através dos relacionamentos que aprendemos coisas que jamais poderíamos aprender de outra maneira. 

Aprendemos sobre humildade, perdão, aceitação, sobre como lidar com frustração, como lidar com tristeza, com raiva, ciúmes, possessividade, como lidar com nossos medos e olhar para essas partes que se encontram trancadas em negação, porque todos nós carregamos partes que não conseguimos entrar num acordo com elas. Partes que temos vergonha, partes que não conseguimos aceitar e por isso deixamos relegadas ao plano da sombra. E por estar na sombra faz de nós gato e sapato.  

Os relacionamentos oscilam por um tempo entre as polaridades de amor e ódio, e nos trazem muito prazer e muita dor. Quando os ciclos negativos e destrutivos acontecem com frequência, não demora muito para o relacionamento acabar. Evitar relacionamentos como uma tentativa de evitar sofrimento também não é a resposta. 

O desejo de ter um relacionamento amoroso é universal porque acreditamos que o amor pode libertar-nos do medo, da necessidade e do vazio. Queremos nos unir porque temos o desejo de ser completos. É um impulso quase irresistível de união com a polaridade oposta. 

O amor é o remédio para todos os males. O maior desafio é como nos relacionarmos com o outro de uma forma construtiva, sem machucá-lo e sem nos machucar. 

O último desafio que temos diante do amor é deixar o outro completamente livre inclusive para não nos amar, caso não possa ou não queira. O ego quer amor exclusivo e a expansão da consciência liberta. 

A criança chega ao mundo amando, mas em algum momento desaprende a amar e aprende a odiar. E como reaprender? É um processo que se dá através do autoconhecimento. Quem é você? Você é ciumento(a)? Esse não é você. Isso é uma crença. E você precisa se desidentificar dessa dela. 

O maior medo é o do abandono, da traição, porque na infância fomos abandonados mesmos, fomos rejeitados mesmo, fomos humilhados mesmo e essas marcas continuam no nosso sistema. Todas essas marcas geraram feridas em nosso amor. E continuamos reproduzindo.  

O velho casamento se baseia nessa repetição mecânica. Onde procuramos aliviar a solidão e outras carências, mas descobrimos com o tempo que isso não é possível através do casamento em si.  

Só conseguimos superar através de um trabalho pessoal de autodesenvolvimento, onde o casamento é apenas um instrumento, onde o outro é um espelho que nos ajuda a nos ver. E para ter parceria tem que ter cumplicidade, intimidade, autorresponsabilidade, os dois precisam estar de mãos juntas, não pode ter segredos, evitando cair no jogo de acusações, que surgem por conta de nossas inseguranças e de uma crença de que a felicidade depende do outro.

Autor

Ivete Marques de Oliveira
Psicóloga clínica, pós-graduada em Terapia Cognitivo Comportamental pela Famerp