Realidade que envergonha

Tudo que foi visto e falado na sessão da Câmara de Catanduva, na terça-feira, durante a participação de membros da comunidade surda, é motivo para envergonhar todos nós. Primeiro de tudo, por fazermos parte de uma sociedade tão violenta com os chamados diferentes. Segundo, por estarmos tão despreparados para dialogar com as pessoas surdas utilizando, é claro, a linguagem oficial que eles podem compreender, a Libras – a Língua Brasileira de Sinais. Durante a própria sessão, à exceção das profissionais intérpretes, aparentemente mais ninguém dominava Libras. Ou seja, sem tradução, os surdos ficariam sem compreender os ouvintes e vice-versa. A própria sessão não é acompanhada por um intérprete, seja em plenário ou nas transmissões ao vivo via internet e, claro, isso deveria ser o mínimo. Pior é que essa situação se repete em todos os pontos de atendimento da prefeitura, do estado, da União, em hospitais, escolas, no comércio, enfim. Quando há um atendente capacitado, como realmente existe em um ou outro estabelecimento, tal fato chega a chamar atenção, tamanha a raridade e, como se diz no jargão popular, vira notícia de jornal. Precisamos avançar a passos largos nessa questão, recompondo a Central de Libras que foi instalada há anos na Coordenadoria de Inclusão Social e está sem funcionar, dotando escolas e repartições públicas de funcionários devidamente capacitados para atender surdos e pessoas com outras deficiências quaisquer. Qualificar técnicos do Samu, dos hospitais, unidades de saúde, farmácias e outros pontos estratégicos para que essa população surda possa ser bem atendida. Tudo isso parece muito, mas, pasmem, é o mínimo.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.