Realidade estarrecedora

A divulgação mensal das estatísticas policiais tende a evidenciar os crimes contra o patrimônio, como os furtos e roubos. Entretanto, numa observação mais pontual, é possível notar que um tipo de crime se mantém impávido entre os indicadores: o estupro. Com poucas oscilações para cima ou para baixo, os casos de estupro aparecem todos os meses, com destaque – pasmem – para os de vulneráveis. Nos primeiros cinco meses deste ano, foram 16 ocorrências ao todo. Dessas, 13 envolveram pessoas consideradas vulneráveis, que engloba menores de 14 anos, pessoas que por enfermidade ou deficiência mental não têm discernimento para a prática do ato ou, ainda, quando a vítima, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. Agora, atenção: no ano passado inteiro, foram registrados 45 estupros em Catanduva. Ou seja, média superior a três casos por mês, quase quatro. São números um tanto quanto estarrecedores, que nos fazem questionar o que pode ser feito de concreto pelas forças de segurança e pelas autoridades para enfrentar essa realidade. São crianças, adolescentes e mulheres que estão sob risco contínuo, todos os dias, na maioria das vezes dentro de suas próprias casas. Diante desse triste cenário, os números relacionados ao patrimônio parecem infinitamente menos relevantes, pois os bens materiais podem ser ressarcidos ou reconquistados, enquanto os traumas deixados por um ato covarde como esse jamais serão superados ou esquecidos. O estupro faz marcas eternas e pode acabar com uma vida – ou mudar para sempre a trajetória de uma família. Esse tema precisa ser debatido e tratado com prioridade pelas autoridades, conselhos municipais, instituições que lidam com a violência contra a mulher, forças policiais e pelo Poder Judiciário.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.