Quem tem medo do lobo mau?

A chapeuzinho vermelho estava caminhando pela floresta quando apareceu o lobo mau e ameaçou sequestrá-la – porque comer, hoje, já não está mais na moda. Mas, só ficou na ameaça. Então, a chapeuzinho continuar a caminhar pela floresta quando o lobo apareceu de novo. Esbravejou, mas, só ameaçou.
Já irritada, a chapeuzinho percebeu logo que o lobo não era de nada... Ele mais queria publicidade do que fazer de fato aquilo a que se propunha. Queria mostrar para todo mundo – se é que havia alguém mais no meio da floresta – que era malvado. E a menina seguiu seu caminho, corajosa.
Na política, ainda hoje, percebemos que também é assim. O político mau arranja qualquer motivo para aparecer na mídia e para mostrar aos seus eleitores que ele está ali, onde sempre esteve, ainda que não tenha feito nada relevante para tanto. Esbraveja, quando quer. Mas, não faz nada além disso.
É um jeito “politicamente correto” para perpetuar-se no poder e mostrar para todo o seu curral eleitoral que está atento aos fatos, às notícias, fiscalizando, cumprindo seu papel de agente político. Ainda que, na realidade, tudo isso não passe de um teatro e fique só na ameaça. No fingir que faz, mas não faz.
Se o político mau se propõe a fazer uma importante investigação sigilosa, todo seu público aplaude. Curiosamente, na primeira descoberta, ele corre para o foco da luz e conta para todos o que conseguiu desvendar. E, perdão pela palavra, dane-se o sigilo de toda a história. E o pior: ainda ganha aplausos.
A investigação continua sendo importante – sua descoberta, na maioria das vezes, também –, mas fica evidente que seu interesse é outro. Talvez mostrar que é uma ameaça seja mais relevante. Muitas vezes, a ideia talvez seja colocar medo na chapeuzinho. Pura coisa de criança. E de alguns políticos.
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