Qual o limite da tolerância?

Qual o limite da piada? Qual o limite da brincadeira? No Brasil existe uma frase que exemplifica como ainda precisamos amadurecer e avançar enquanto sociedade... “Zueira não tem limites”, mas ao contrário do que podemos pensar, ela tem até antes mesmo dela ser feita, na construção do pensamento, muitas dessas “brincadeiras” já estão enredadas pelo preconceito, pela discriminação, pelo racismo e quaisquer outras formas de violência.

Recentemente veio aos holofotes novamente a situação de um comediante que faz piadas ácidas e que o Ministério Público pediu a retirada imediata de um especial de comédia dele. A questão que quero levantar é qual o limite para o humor? Podemos nos valer de uma liberdade tamanha para proferir piadas ou gracejos de forma que fira alguns, mas sob os auspícios de ser apenas uma forma de diversão?

A sociedade está tão doente, que a reprodução de estereótipos preconceituosos sob as vestes de brincadeiras apenas fomenta ainda mais o discurso preconceituoso que muitos tentam mascarar. A liberdade de expressão não é plena, principalmente quando há menções criminosas. Para tanto, Karl Popper traz uma reflexão sobre a tolerância, o filósofo afirma que a tolerância irrestrita aos intolerantes irá levar a sociedade a sua destruição. Para que a tolerância seja vivenciada, de certa forma, os tolerantes deverão ser intolerantes ante algumas situações, tais quais as violências de gênero, racismo, discriminação.

Para que a sociedade possa de fato ser saudável, devemos extirpar de suas conjunturas as “brincadeiras” sem limites que ferem, que ofendem e que são usadas como validação para comportamentos criminosos. E para que isso aconteça, um dos valores morais mais importantes que deveria ser desenvolvido é a empatia, para que a consciência possa ser renitente aos pensamentos vis e preconceituosos que nossa mente emana. Principalmente por estarmos olhando sob à ótica do outro e sentindo a dor que este sente.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva