Promoção da saúde: para além da prevenção

Há 38 anos foi firmado o primeiro documento que discutiu a promoção da saúde (PS), na Conferência de Otawa, no Canadá, em 1986. No Brasil, a PS, ainda em processo de construção, está inserida na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), criada em 2006. Os programas de PS possuem o objetivo de capacitar e envolver as pessoas e as comunidades a terem um comportamento saudável, incentivando a mudança de hábitos para diminuir o risco de desenvolver doenças. Assim, a partir desse ano, a data 6 de abril comemora o dia nacional de mobilização pela promoção da saúde e qualidade de vida.

Mas, qual seria a diferença entre prevenção de doenças e promoção da saúde? A prevenção, como o nome diz, evita doenças, como as campanhas de vacinação, por exemplo, diferentemente da promoção da saúde, que são medidas individuais e coletivas para evitar a exposição às doenças, mediante comportamentos ditos saudáveis. Dessa forma, a promoção da saúde é um processo da própria sociedade que ajuda a evitar a sobrecarga dos profissionais de saúde, altos gastos públicos, além de melhor a qualidade de vida de todos.

A situação da dengue em muitas cidades do país pode ser utilizada para auxiliar na compreensão desses conceitos. Por exemplo, uma cidade como Catanduva sofre com a endemia da dengue todos os anos. Os hospitais não conseguem atender todos os que necessitam de cuidados e, com isso, a população se revolta e exige que o governo local faça algo para reduzir os efeitos. Recentemente, o SUS começou a disponibilizar a vacina contra a dengue como forma de prevenção, porém só essa medida não é suficiente. É imprescindível que seja acompanhada por uma educação em saúde, ou seja, um processo contínuo e permanente de ações, que provoquem mudanças de hábitos. Neste sentido, é importante não só disponibilizar mais agentes comunitários de saúde para verificar possíveis criadouros, mas principalmente alertar sobre os comportamentos inapropriados da população, como descarte inadequado de embalagens vazias e também sobre a importância da limpeza do ambiente doméstico e, do cuidado com o ambiente público. Do contrário a situação desta doença é agravada. A promoção da saúde envolve exatamente este despertar da consciência sobre novas atitudes individuais e coletivas para a construção da qualidade de vida de toda a população.

A promoção da saúde não engloba somente o setor sanitário, também está presente no lazer, na segurança pública, no trânsito, e principalmente nas políticas públicas de acesso à alimentação saudável. A este repeito vale destacar que o alto consumo de alimentos ultraprocessados (industrializados), por exemplo, aumenta os casos de obesidade, diabetes, e cânceres e sobrecarrega o sistema de saúde, sendo responsabilidade do SUS controlar e fiscalizar a distribuição desses alimentos. Como forma de alterar este quadro, a sociedade, de forma consciente dos malefícios, pode reduzir por vontade própria a ingestão de alimentos pouco nutritivos, entretanto este comportamento pode ser motivado pelas políticas públicas que podem, por exemplo, promover aumento dos impostos sobre estes produtos, assim como efetuado com os cigarros.

Além disso, a promoção de saúde também está presente nas campanhas públicas, no combate aos maus hábitos de vida, aos agentes infecciosos, e inclusive na ida aos “postinhos” quando estamos doentes.  A educação sobre saúde, realizada pelos mais diversos meios como vídeos, documentários, jornais, revistas, palestras, cursos, fóruns  e outros, também constitui importante forma de realizar a promoção de saúde. Nesse contexto é importante ressaltar também a atuação de ONGs como a ACT Promoção da Saúde, que desenvolvem importante papel na promoção e defesa de políticas de saúde pública, especialmente nas áreas de controle do tabagismo, alimentação saudável, controle do álcool e atividade física. Essas quatro pautas representam os principais fatores de risco evitáveis de doenças crônicas não transmissíveis, que incluem doenças cardiovasculares e pulmonares, diabetes e câncer que são a maior causa de mortes no mundo e 70% das mortes no Brasil.

E afinal, o que é saúde? Saúde não é somente a ausência de doenças, mas é também um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Dessa forma, uma pessoa sem doença, porém muito estressada por algum motivo, não pode ser considerada saudável. Assim como também uma pessoa livre de doenças mas  anti-social, da mesma forma não é saudável. Portanto, é preciso compreender que a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor da saúde, sendo parte de cada pessoa cuidar do “seu próprio jardim”. Assim, você leitor pode ajudar a promover saúde praticando exercícios físicos, tendo uma alimentação saudável, hidratando-se, dormindo bem, tendo tempo para si e participando de eventos sociais. Além disso, mobilizar parentes e amigos ao seu redor também ajuda na prestação de serviços de saúde de qualidade auxiliando na melhora da saúde brasileira como um todo.

 

Ellen Louise Santos - 1º ano

Pedro Henrique Lourenção Hidalgo - 1° ano

Autor

Doses de Informação - Fameca/Unifipa
Pílulas mensais sobre a saúde | Projeto de Extensão Universitária da Faculdade de Medicina de Catanduva - Unifipa | Orientadoras: Prof.ª Dr.ª Adriana Sanches Schiaveto e Prof.ª Ma. Juliana Guidi Magalhães