Eu andava ontem distraída pensando como organizar meus inúmeros afazeres diários, quando ouvi meu nome. Ele passou de bicicleta, me viu, voltou e iluminou meu dia. Era um ex-aluno que me abraçou e me contou que estava trabalhando há um mês. 

Este fato me fez refletir sobre a justa reivindicação dos professores municipais de nossa cidade. Todos reconhecem que a educação pode transformar vidas então não deveria ser a profissão mais bem remunerada do mundo? 

Quem busca conhecimento e está sempre estudando, descobre que a perfeição está além do humano. 

Descobre também que a maior vitória é sobre si mesmo. 

Sempre fui a favor da escola pública em período integral, mas hoje percebo que se não houver unidade filosófica em todos os professores, será uma perda de tempo e energia, pois só nos distanciará mais do objetivo maior da educação que é formar um ser humano com independência intelectual. 

O desafio do professor é vencer a burocracia e fazer com que o aluno internalize um valor com sua experiência pessoal, ou seja, conhecer uma ideia e usá-la em suas atitudes. 

Só podemos dizer que aprendemos algo, quando mudamos nossas atitudes. 

Os professores usam a disciplina quando falta entusiasmo. O segredo é entusiasmar o aluno para o saber mostrando onde ele pode chegar com o conhecimento. 

A erudição não faz o ser humano feliz. É preciso sentir e saborear internamente os valores. 

E quais valores são estes? 

A resposta é simples: valores humanos. 

O belo por exemplo, nos aproxima da nossa característica humana diferente de um valor material, que assim como nos animais, nos dá uma euforia fulgaz. 

Minha primeira professora D. Clélia, responsável pelo meu amor à leitura e hoje minha liberdade intelectual nem de longe foi remunerada com justiça. 

Voltando ao menino da bicicleta que me alegrou tanto a ponto de me aproximar do meu humano, me fazendo esquecer completamente da minha agenda necessária mas não essencial. 

Este sentimento inexplicável e delicioso que me tirou das minhas preocupações mundanas e me levou para um lugar onde não havia nada de material, mas era muito bom, não seria o que os homens buscam incessantemente com o nome de felicidade? 

Quanto vale um profissional que te ensina a buscar o essencial? 

Regina Ruette 

Articulista