Procura-se almas bonitas
A busca por uma alma bonita é muito mais difícil que minerar diamantes nas cavernas mais profundas da terra. Encontrar profundidade no outro é uma busca pelo tesouro desaparecido que a própria pessoa escondeu até de si mesma; e ocultou completamente do mundo inteiro.
Expor aos outros as jóias preciosas da própria personalidade, mostrar à multidão as gemas de valor do próprio espírito, desperta o ódio, a inveja e a zanga de quem se contentou (a maioria se contenta) em adquirir para si as bijuterias mais superficiais, baratas e vis da existência.
Esta é, pois, uma metáfora para o mergulho que um ser deve fazer no outro caso queira amá-lo: romper as falsas superficialidades, os vernizes rasos, aparentes e visíveis que ocultam (por segurança, para autopreservação) o eu autêntico -- a jóia da coroa do eu real, da essência pura e nunca feia da alma alheia, sempre profunda como são fundas as lavras das melhores pedras preciosas da Criação.
Por debaixo das cascas de pirita, o ouro dos tolos que se contentam com os folheados da personalidade, há ouro fino para quem se dispuser a suar dias e dias com a picareta da persistência e da confiança. Sob as veias de quartzo e alumínio dos aspectos e das figuras, repousam veios de gigantescos diamantes e rica platina para aquele que decidir investir determinação e paciência no trabalho de encontrar o outro.
Depois é derreter, é expurgar, é ourivesar, é lapidar, é polir, é engastar, é por sobre a cabeça e o coração a jóia da alma reencontrada, cujo brilho será farol para os demais filhos de Adão e Eva.
A alma é a única parure de um ser humano autêntico.
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