Primeiro Oscar do Brasil vai para ‘Ainda estou aqui’

Em plena noite de Carnaval, que toma conta das ruas, o Brasil parou para acompanhar, ontem, a transmissão do Oscar 2025. Brasileiros de todas as partes do país aguardavam ansiosos os anúncios dos vencedores - isso porque, de forma inédita, estávamos representados em três categorias com o filme ‘Ainda estou aqui’. A cerimônia no Dolby Theater, em Los Angeles, trouxe poucas novidades e algumas surpresas. Depois de uma campanha histórica e uma recepção calorosa nas salas brasileiras e americanas, ‘Ainda estou aqui’ levou a estatueta de melhor filme internacional, anunciado pela atriz espanhola Penélope Cruz. O filme desbancou ‘Emilia Pérez’, favorito na categoria. O diretor, Walter Salles - foto abaixo, subiu ao palco para agradecer a honraria e o trabalho do elenco. Foi a quinta vez que o Brasil recebeu indicação ao Oscar de filme estrangeiro – antes foram ‘O pagador de promessas’ (1962), ‘O quatrilho’ (1995), ‘O que é isso, companheiro?’ (1997) e ‘Central do Brasil’ (1998), sem nunca ganhar.
 
Pela primeira vez na história, uma fita brasileira concorreu à principal categoria da Academia, o de melhor filme; não foi dessa vez, infelizmente... Quem ganhou foi ‘Anora’, que também levou os prêmios de direção, montagem, roteiro original – os três recebidos pelo diretor Sean Baker, que, por ser um cineasta autoral, realizou todas essas funções, e melhor atriz, para Mikey Madison - foto abaixo. Ela ganhou de Fernanda Torres e de Demi Moore, duas fortes concorrentes.
 
Novidades zero nas premiações de Adrien Brody como melhor ator por ‘O brutalista’, Zoe Saldaña e Kieran Culkin como coadjuvantes por, respectivamente’, ‘Emilia Pérez’ e ‘A verdadeira dor’, e ‘Conclave’ como melhor roteiro adaptado, já que ganharam quase tudo em premiações anteriores.
 
Pela primeira vez o Oscar foi apresentado pelo humorista e apresentador de TV americano Conan O’Brien, de 61 anos. A 97ª cerimônia do Oscar, ontem, prestou homenagens especiais aos bombeiros de Los Angeles, pelo esforço no combate aos incêndios que destruíram a cidade meses atrás. Também fizeram um tributo a James Bond, o ‘007’ – na cerimônia, as cantoras Doja Cat, Raye e Lisa apresentaram canções de abertura de alguns dos filmes da franquia. E também houve duras críticas ao governo Trump, com palavras de protesto, à guerra da Ucrania/Rússia e à destruição de Gaza pelo governo de Israel – um dos longas premiados ontem, o documentário ‘Sem chão’, trata desse último tema.
 
Foto: Arturo Holmes/WireImage

Autor

Felipe Brida
Jornalista e Crítico de Cinema. Professor de Comunicação e Artes no Imes, Fatec e Senac Catanduva