Presos em casa e na escola
Pouco a pouco, nossas casas passaram a ter muros cada vez mais altos. Cercas elétricas, alarmes, interfone, travas e trancas. O avanço da criminalidade no país continua preocupando, por mais que Catanduva seja uma cidade até certo ponto tranquila, quando considerados os índices criminais. Agora estamos assistindo esse mesmo processo acontecendo nas escolas, sobretudo as públicas, com adoção de uma série de barreiras na tentativa de oferecer mais segurança a alunos e funcionários. Em alguns locais, até o detector de metais entrou em ação – aquele que antes era restrito aos bancos. Na rede estadual, a última novidade é a contatação de seguranças privados para atuação dentro das unidades de ensino; não em todas, mas nas selecionadas pelas Diretorias de Ensino com base em alguns critérios, tais como a vulnerabilidade da comunidade e a convivência no ambiente escolar. Na região de Catanduva, por exemplo, que tem 29 escolas na rede estadual, foram contratados até agora cinco seguranças. As unidades que eles estarão não foram divulgadas. Se o projeto dará resultados, também não é possível falar, nem nos cabe analisar. Ao menos as ações estão sendo tomadas na busca por enfrentar um problema que é social e envolve questões emocionais e psicológicas, a exemplo do preconceito e do bullying. No ritmo que as coisas vão, infelizmente as crianças terão de sair de residências cercadas por grades e cercas elétricas para seguir direto para escolas semelhantes a prisões de alta segurança. Resta lamentar que nossa sociedade tenha caminhado neste sentido, sem soluções em vista.
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