Prejuízos Pandêmicos
A lógica do consumo na atual sociedade da modernidade líquida estabeleceu uma frágil e efêmera forma de relação social e com instituições, incluindo a escola. Concomitante a isso, tivemos o período da quarta revolução industrial e a globalização das tecnologias, em especial, o acesso ao celular e internet. Assim, a população imergiu de fato no consumismo, seja ele material ou não (conteúdos vazios das mídias sociais).
Não bastando esse esvaziamento cognitivo, ainda nos deparamos com o período pandêmico e atualmente o pós-pandêmico e suas incontáveis consequências, que implica diretamente a instituição escolar e todo o arcabouço de conteúdos envolvido no processo de ensino e aprendizagem. Foi nesse período que os celulares tomaram uma nova proporção na vida das crianças. Isolamento, falta de convívio familiar, acesso irrestrito à diversos conteúdos pouco enriquecedores e voláteis e excesso de telas para aquietar e conseguir a tão desejada tranquilidade.
Mas as consequências têm aparecido agora, no retorno às aulas, uma quantidade imensa de crianças, atualmente, apresentam dificuldades em concentração, de atenção sustentada, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e memória operacional (componentes das Funções Executivas), claro, a quantidade de conteúdos vazios e rápidos condicionaram os cérebros infantes a se satisfazerem com vídeos curtos, irrelevantes, que não contribuem em nada para a sua autoformação.
O prejuízo está estabelecido, mas agora parece que chegou ao conhecimento das autoridades educacionais do país, com isso, elaboraram uma lei que proíbe o celular nas escolas, uma vez que ficou evidente a problemática que esse equipamento traz. De toda forma, ainda temos no cenário nacional, escolas esvaziadas de tecnologia adequada para uso educacional, por vezes, o celular acaba sendo o único recurso disponível em sala. Isso nos leva a mais uma reflexão, a União, estados e municípios investirão em tecnologias? Afinal, a exemplo do Estado de São Paulo, há exclusivamente material digital para o acesso às aulas, como se dará isso?
Dado ao histórico de precarização educacional, ainda teremos mais desdobramentos sobre essa ação. Mas o que devemos mesmo fazer é cobrar investimentos e educação de qualidade para todos.
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