Por uma educação pública de qualidade

Fiquei assustado ao olhar uma publicação do Prof. Antônio De Fazio acerca do seu posicionamento das escolas cívico-militares e a forma das respostas que lá estavam dos simpatizantes da temática. As ofensas foram desde vagabundo a professorzinho comunista. Nota-se uma fraqueza e baixeza de argumentos que podemos traduzir com violência apenas pela exposição de um ponto de vista baseado em uma lei.

Esses mesmos que proferiram ofensas são defensores do respeito, do patriotismo, entre outros adjetivos que julgam ser necessários para uma vida em sociedade pautada na ética... Não veem o contrassenso nas próprias atitudes, quiçá dentro de um ambiente educacional, que precisa de estudos, aperfeiçoamento e valorização.

Sou egresso de escola pública, minhas graduações foram em instituições privadas, bem como algumas especializações, mas retornei ao ensino público em meu mestrado e atualmente em meu doutorado, assim declaro que meu voto é pela escola pública de qualidade, fundamentada na valorização humana, financeira e que tenha os investimentos realmente aplicados na educação. Buscando profissionais que realmente estejam lá para exercer seu melhor em prol da educação, pois se sentem valorizados. Diferentemente do discurso do Governador de SP que afirma saber que seus professores não têm os melhores salários, nem as melhores estruturas, mas tem muito amor. Embora a afetividade seja necessária para criação de vínculos, ela não basta, pois na realidade social capitalista, é o valor do dinheiro que é cobrado.

Outro ponto de destaque é que o programa conta com 494 escolas e apresentam problemas iguais ou até piores que as escolas públicas, basta pesquisar de fato alguns casos, ou seja, repressão como sinônimo de obediência não extingue problemas de violência nas escolas, isso sem abordar os casos de assédio que também estão presentes nestes modelos.

Destaco também que estamos em um período eleitoral, em uma época da história que muitos estão polarizados e se baseiam nos grupos de Whatsapp, deixando de lado pesquisas e leituras que possam contrapor suas crenças. Aliás, parafraseando Darcy Ribeiro, “A crise na educação não é uma crise, é um projeto” e quanto mais nos afastamos da leitura, da curiosidade em avançar mais nos conhecimentos, mais perpetuamos esse projeto que se dá desde a república velha. Como sugestão, vou indicar um livro sobre as políticas educacionais ao longo dos anos no Brasil, ele se chama Política Educacional da Drª Eneida Oto Shiroma. Tenho certeza que se desvencilharem do Whatsapp e do youtube e buscarem informações pautadas em pesquisas acadêmicas, muitos mudarão suas concepções.

Por fim, vale destacar que estamos em um período político, muitos querem surfar na onda para manterem-se no poder. Essa proposta em si é uma clara abordagem política com intenção de votos, já que as duas pessoas que propuseram isso nunca estiveram vinculados a nenhuma instituição escolar e/ou apresentam poucos projetos de lei que melhorem as condições escolares.

Como dizem os jovens, estão querendo “hypar” nessa briga entre direita e esquerda, sem contudo, estarem de fato preocupados com a educação, mas sim com eleição e reeleição. E deste lado da contenda, espero que haja maiores argumentações e menos violência.

Autor

Eduardo Benetti
Professor Recreacionista em Catanduva