Por um triz... pro dia nascer feliz!

“Estamos, meu bem, por um triz pro dia nascer feliz.”

Cazuza

Cantor e compositor

A letra de Cazuza, da música “Pro dia nascer feliz”, gravada pela banda Barão Vermelho, também muito divulgada pelo cantor Ney Matogrosso, tornou-se um marco em 1985 no festival Rock In Rio. A música colocou a banda em evidência e na história do rock nacional. Mais ainda: “Pro dia nascer feliz” fez parte da trilha sonora da abertura, da redemocratização do país após os tempos pesados da ditadura. Nos remete ao recomeço e à esperança de novos tempos.

Aí está 2023! Nascendo pra gente ser feliz. Tomara! Que venham novos recomeços, sonhos, conquistas e alegrias para um povo tão sofrido.

Contudo, não se olha para frente sem aprender com o passado.

2023 será melhor se não repetirmos os erros de anos anteriores.

O ano que se encerra hoje, termina com mais perdas e despedidas tristes.

Edson, Maria da Graça, José, Claudia, Éder, Elza, Milton, Erasmo Esteves e muitas outras pessoas, brasileiras, faleceram em 2022. São milhares de seres humanos que se vão, a cada ano, a cada dia. Faz parte da vida. E assim segue...

Porém, essa mesma lista tem outra conotação se usarmos os seus nomes conhecidos popularmente: Pelé, Gal Costa, Jô Soares, Claudia Gimenez, Éder Jofre, Elza Soares, Milton Gonçalves, Erasmo Carlos e tantos outros. 2022 marcou muitas outras perdas em todo o mundo, de artistas, ativistas, esportistas, políticos etc.

São personalidades que deixaram sua marca através de seus feitos, cada um em sua área, e jamais serão esquecidos. A essência permanece.

No entanto, eram seres humanos imperfeitos como todos nós. Capazes de acertar e errar, de derramarem lágrimas de frustrações, arrependimentos e equívocos em suas vidas pessoais, frágeis e mortais. Suas obras não morrem, seus legados permanecem para as gerações futuras e inspirando a nós mesmos, contemporâneos.

É fundamental saber separar o ser humano da personalidade pública, popularmente dizendo: separar o RG do CNPJ, ou seja, a pessoa física da pessoa jurídica,

do seu trabalho, embora muitas vezes tudo se misture numa coisa só em função da mídia, do excesso de exposição, principalmente nas mídias sociais.

Esse distanciamento é necessário para entendermos que uma situação não destrói outra. Todos somos imperfeitos e não estamos isentos de erros, no entanto, nosso trabalho refletirá sempre o que acreditamos, o que somos, o que almejamos. As pessoas públicas pensam no coletivo, no alcance de seu trabalho, mas isso não os poupa de erros da vida pessoal.

A postura de separar o criador da criação será sempre indispensável para sonharmos e trabalharmos pelo amanhã.

2023 pede recomeço, luta, esperança e projetos de vida, “arregaçar as mangas”, “calçar os sapatos da esperança” e trilhar o caminho luminoso para reconstruirmos o Brasil. “Não olhar para trás” é ato imperioso, porém não significa esquecer a história. A história não se apaga e aprendemos com ela. Não repetir os erros é capital “pro dia nascer feliz e o mundo inteiro acordar...”

Da nossa parte, agradecemos a todos que nos apoiaram, assistiram nossos espetáculos, acompanharam nossas publicações e estiveram ao nosso lado em 2022. Não vivemos isolados, não sobrevivemos sem troca.

Um Feliz 2023 a todos leitores, a todos catanduvenses e a todos brasileiros! Dias melhores virão! “Estamos, meu bem, por um triz...”

Autor

Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues
Atores profissionais, dramaturgos, diretores, produtores de teatro e audiovisual, criadores da Cia da Casa Amarela e articulistas de O Regional.