Por que estudar História?
Se na vida particular esquecemos de fatos passados que interferiram e geraram diretamente nosso presente e ainda afetarão nossos futuros próximo e longínquo, imagine o quanto os fatos pretéritos da vida coletiva, em sociedade, ainda não reverberam hoje...
Por mais que escolas historiográficas modernas e pós-modernas discordem parcialmente ou mesmo rejeitem inteiramente noções mais filosóficas acerca do Sentido da História, Cícero continua atual e pertinente quando nos afirma que “A História é a mestra da vida.” Com esta frase, o velho romano ensina que o passado serve de lição para presente e futuro.
Por que? Porque a natureza humana, independentemente do contexto sobre o qual lhe seja concedido agir, é basilarmente a mesma. Até onde alcança a História com suas ciências auxiliares, fica provado que o ser humano tem os mesmos hábitos, tendências e enviesamentos de operação física e metafísica: da antiga Mesopotâmia à Paris hodierna, dos rincões da selva dos pigmeus à Britânia dos celtas, da China da dinastia Shang às experiências autogestionárias contemporâneas no País Basco, da comunidade da Rocinha carioca à Monte Carlo monegasca, enfim, em todos os tempos e lugares as pessoas agiram (descontadas certas discrepâncias e idiossincrasias culturais) mais ou menos segundo um mesmo padrão. Daí a base para se falar em Direito Natural, por exemplo.
Ocorre que se o homem é essencialmente “igual” em sua ações, reações e relações, este homem se torna mais ou menos previsível. É possível equacionar (e tanto Psicologia quanto Geopolítica já trabalham com afinco nisto) o “andar da carruagem”. É possível olhar para os cenários e analisar as conjunturas, prevendo, às vezes com uma exatidão espantosa, quais os rumos dos acontecimentos. Repito: acontecimentos a nível pessoal e acontecimentos a nível social.
Se você estudar sua história pessoal, sua biografia, encontrará estas linhas de conduta que projetam sua personalidade e fazem-na movimentar a Realidade. O “conhece-te a ti mesmo” socrático é a alavanca deste processo de individuação; um processo que demonstra seus círculos virtuosos e viciosos. Contudo, se você estudar
História, a da Civilização, também compreenderá que a soma de todas as eras expõe padrões de comportamento que sempre se repetiram ano após ano, década após década, século após século, milênio após milênio. Ao se debruçar sobre os livros, saberá que governos, populações e instituições estatais agem movidas pelo mesmo impulso de autossobrevivência e predação. Os governantes e as massas ficam nus e você tem a chance de não cair na burrice de se comprometer com o Leviatã que já começou a te mastigar pelo calcanhar. Como diria o Capitão Nascimento, “o sistema é foda!”.
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