Pontilhando

Quando chegam as férias dos filhos muitos pais se veem sobrecarregados, não sabendo como conciliar os horários, ainda mais quando suas férias não coincidem com a de seus filhos.

Férias são fundamentais para a saúde mental e para experienciar a pausa, sobretudo para que pais e filhos possam vivenciar tempo de qualidade em família.

Por mais simples que sejam os passeios, os pais devem se engajar no desejo de cada filho, colocando eles na prioridade do planejamento e atendendo o quanto possível as sugestões de cada um: ir ao cinema, fazer piquenique, ir ao zoológico, chamar os amigos para brincar em casa sem muito horário para a diversão acabar, fazer uma viagem para um lugar sugestivo que traga recordações e experiências criativas, memórias expressivas que ficarão dentro de cada um para sempre.

É preciso tomar cuidado para que os pais não sobrecarreguem seus filhos com seus próprios desejos, não perdendo de vista que eles têm sonhos que nem sempre coincidem com as expectativas dos pais.

Cada vez mais temos presenciado crianças com sintomas de ansiedade e depressão ocasionados pela sobrecarga de atividades e acúmulo de funções atribuídas pelas demandas dos pais, ocasionando exaustão física e mental em seus filhos.

Se os pais desejam pelos seus filhos, irão impor a eles atividades que partem de uma comunicação falha à medida que não conseguem os escutar, e estabelecem combinados que nem sempre partem do desejo dos filhos e sim de suas expectativas, lacunas que necessitam ser reajustadas para uma melhor harmonia entre todos da família.

Férias, independente do valor gasto, devem atender às demandas dos filhos para que a partir desta pausa eles consigam voltar ao segundo semestre empenhados e tendo aventuras para partilhar com seus colegas de classe.

Tirar férias é fundamental, um período que o corpo e a mente necessitam para relaxar, recuperar energias e realinhar projetos e desejos, e quando não vivenciados desde a infância, poderão no futuro dificultar um planejamento adequado da própria vida, afinal, eles serão os adultos do futuro. 

Façam passeios adequados para cada idade, estejam com seus filhos sem olhar para o relógio e sobretudo para as telas. Não os proíbam, mas ofereçam opções e estejam juntos com eles.

Praças com brinquedos e areia, bosques, cinema, teatro, zoológico, safari, ar livre, horto florestal, jardim botânico, shows infantis, viagens para a praia ou montanha, parques de diversão, pipoca e filme em casa com os amigos, enfim, qualquer passeio que esteja no desejo deles e que caiba no orçamento da família, existem muitas opções.

Quando adultos, os filhos ao olharem para trás deverão ter memórias que foram embasadas em seus desejos atendidos, considerando sua individualidade sem perder os outros de vista, sendo capaz de construir lembranças que foram construídas e atendidas a partir do desejo dos pais quando decidiram ter seus filhos, numa história e configuração familiar que proporcionou a eles se sentirem existentes e únicos, pertencentes no mundo.

Sejam criativos, estejam com seus filhos, os escutem, e boas férias!

Música “Ponteio” com Edu Lobo e Zizi Possi.

Foto de acervo @auguri_humanamente

Autor

Claudia Zogheib
Psicóloga clínica, psicanalista, especialista pela USP, atende presencialmente e online. Redes sociais e sites: @claudiazogheib, @augurihumanamente, @cinemaeartenodivã, www.claudiazogheib.com.br e www.augurihumanamente.com.br