Política como palco de interesses pessoais

Em Catanduva, como em muitas outras cidades, as Comissões Especiais de Inquérito (CEIs) deveriam ser instrumentos de transparência e fiscalização, buscando a verdade e o interesse público. No entanto, é notório como, frequentemente, transformam-se em palcos de disputas políticas e jogos de poder, arrastando-se por longos períodos e servindo a interesses que pouco ou nada têm a ver com o bem comum. A recente situação envolvendo a Associação Bom Pastor é um exemplo claro de como uma CEI pode ser utilizada de forma questionável. As denúncias apresentadas, que se mostraram infundadas após investigação do Ministério Público, podem ter prejudicado as famílias beneficiadas, atrasando o processo de regularização do loteamento – ainda que outro processo esteja tramitando no Judiciário, com outro viés, e possa por si só anular tudo o que foi feito até agora. De qualquer modo, vale refletir que quando a política é usada para o bem, as CEIs são conduzidas de forma imparcial e objetiva, com o objetivo de esclarecer fatos, identificar responsabilidades e propor soluções. Investigam-se denúncias de corrupção, desvios de recursos públicos e outras irregularidades, sempre com o foco no interesse da população e na defesa do patrimônio público. Entretanto, quando a política é usada para o mal, essas ferramentas são usadas para perseguição política e até autopromoção. Vereadores, movidos por interesses pessoais ou de grupos, instrumentalizam as investigações para atacar adversários, criar factoides e desviar a atenção de problemas reais. O resultado é um processo lento, custoso e ineficiente, que gera descrédito na população e prejudica a imagem da cidade. É preciso que a sociedade esteja atenta e vigilante, cobrando dos vereadores uma postura ética e responsável na condução das CEIs. A política deve ser instrumento de transformação social e não palco de interesses pessoais.

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Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.