Poder de salvar vidas
A captação de múltiplos órgãos continua sendo notícia de jornal, e até manchete, porque ela não é comum. Primeiro porque não é qualquer óbito em hospital que possibilita a doação dos órgãos e tecidos. Muito pelo contrário. Mas o segundo ponto, e principal, é que nem todas as doações possíveis são autorizadas pelos familiares. Ou seja, na hora H, elas não acontecem. Na sexta captação registrada no Hospital Padre Albino neste ano, por exemplo, o doador tinha 30 anos e foi vítima de acidente automobilístico, tendo morte encefálica confirmada no dia 26 de dezembro. Em meio ao luto, a família permitiu a doação dos órgãos e, com isso, pode ter dado vida nova para cinco pessoas que aguardavam na fila do transplante, já que foram captados com sucesso o fígado, rins e córneas. Atualmente, além da decisão do próprio doador em vida, quem autoriza a doação são os familiares com grau de parentesco até o 2º grau, sendo pais, filhos, irmãos, avós, netos ou cônjuges. O trabalho de convencimento das famílias, dentro dos hospitais, é contínuo, na busca incessante por elevar os índices e conseguir fazer com que mais pessoas autorizem a doação. Em 2023, os hospitais Padre Albino e Emílio Carlos somaram sete captações, mas certamente esse número poderia ser bem maior. “Cada ato de generosidade pode ser a chave que salva vidas e transforma o luto em esperança”, diz o enfermeiro Carlos Mancini Gomes, da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes da Fundação Padre Albino. Palavras que merecem ser reproduzidas para, pouco a pouco, sensibilizar mais pessoas.
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