Percepções equivocadas
O Tribunal de Contas da União (TCU) realizou auditoria, no ano passado, para examinar a atuação do setor público na garantia da cobertura vacinal recomendada da população e no apoio às atividades do Programa Nacional de Imunizações, o PNI. A principal constatação foi que o PNI não tem atingido as coberturas vacinais recomendadas segundo o Calendário Nacional de Vacinação. Ao contrário, a auditoria verificou, de 2015 a 2021, e em todas as regiões do Brasil, queda em torno de 30% da cobertura de cada uma das cinco vacinas priorizadas no trabalho. Uma das constatações da auditoria foi que o acompanhamento da situação vacinal das famílias e a busca ativa de faltosos não têm conseguido identificar não vacinados e pessoas com esquema incompleto e encaminhá-las para a vacinação de forma suficiente para garantir o alcance das metas. Os motivos para a queda são muitos, mas não há conhecimento sobre a parcela de contribuição de cada um deles. O TCU cita como exemplos a deficiência no acompanhamento da situação vacinal, dificuldade de acesso aos serviços de vacinação, necessidade de maior coordenação das ações de comunicação para esclarecimento de crenças e percepções equivocadas acerca das vacinas, além da necessidade de atuação conjunta entre as principais intervenções públicas e níveis de governo. Entre as motivações citadas vale destacar as “crenças e percepções equivocadas”, que cresceram exponencialmente nos últimos anos, junto ao movimento antivacina, este, por sua vez, que ganhou corpo sobretudo durante a pandemia do coronavírus. Chegou a hora de as pessoas colocarem a mão na consciência e perceberem como essa conduta pode ser maléfica para a saúde da coletividade, dando chances reais para o reaparecimento de doenças há muito neutralizadas pelas campanhas de vacinação.
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