Pequenos apontamentos sobre a posse

Em primeiro lugar foi emocionante a representação popular. A democracia por hora venceu o golpismo instalado em Brasília e demais estados brasileiro. Arrefeceu a ultradireita (mas o movimento golpista ainda existe).

Lula provou ser o grande articulador da política nacional, gostem ou não. Mas isso necessariamente não significa a melhora das condições de vida da população vulnerável. Ao contrário.

A presença de partidos como o União Brasil e o PSD (e, Solidariedade de pires na mão) na Explanada escancaram problemas sérios que serão enfrentados em busca da governabilidade. Ou seja, de popular só o evento de posse.

A fome bate a porta dos brasileiros todos os dias. E quem tem fome tem presa! Lula prometeu acabar com o flagelo da fome, mas não disse como num país sequestrado economicamente pelo agronegócio, base de seu novo governo.

Em nenhum momento Lula firmou compromisso com a desconcentração de terras e com a Reforma Agrária. Limita-se a fortalecer a agricultura familiar. E não é esquecimento. O INCRA está completamente loteado pelo MDB e ruralistas.

Raoni dispensa elogios.

Mas é preciso muita atenção para o Ministério dos Povos Indígenas.

Sua criação é importante e necessária. Mas, assim, como é fundamental o retorno do Ministério do Desenvolvimento Agrário (agora Agrário e da Agricultura Familiar), Lula não se compromete com a demarcação dos territórios e foge da discussão sobre a tese genocida do Marco Temporal.

O ponto central entre o MPI e o MDA: a posse da terra! Ou seja, a propriedade rural.

Não me esqueci das comunidades quilombolas e as lutas contra a monocultura da soja e eucalipto no Cerrado. (Mas, Lula sim!) Noutro momento comento sobre Marina Silva e sua bioeconomia. Descansem. A posse foi cumprida e o bode retirado da sala.

Autor

Waldemir Soares Júnior
Advogado, colunista, palestrante, membro da 30ª Subseção de Direitos Humanos da OAB-SP e do Núcleo de Pesquisa e Extensão Rural da Ufscar, e advogado de diversos Movimentos Sociais