PENEIRA FINA – 27.01.23

Ao lado de Alckmin, só faltou Padre Osvaldo fazer o L

O prefeito de Catanduva, Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB), compartilhou em suas redes, todo orgulhoso, foto em que aparece ao lado do secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária, Roberto Serroni Perosa, e do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. A imagem foi feita em Brasília e, para além daquilo que o autor do post anuncia (via de regra, esse tipo de publicação costuma ser acompanhada de muitas promessas e expectativas, que podem ou não se concretizar), o que vale é analisar os significados não escancarados que ela carrega. Sobretudo para quem acompanhou a política local nos últimos meses e viu Padre Osvaldo engajar-se numa suposta cruzada para derrotar o PT. Passada a eleição e sacramentado o resultado, só faltou o prefeito fazer o L ao lado de seu “amigo pessoal”, Alckmin.

Vídeo

Para quem não se lembra, vamos recordar. Em outubro do ano passado, no dia seguinte ao primeiro turno da eleição presidencial, Padre Osvaldo encaminhou, supostamente por engano, um vídeo aos seus contatos do WhatsApp, em que aparecia parabenizando Alckmin pela “grande vitória obtida”. O sacerdote se referia à votação alcançada pela chapa encabeçada por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ficou a alguns poucos pontos percentuais de ganhar a presidência já em 2 de outubro. Para azar de Padre Osvaldo, estamos em uma cidade de ampla maioria bolsonarista. Eleitores do então presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a cobrar explicações do prefeito. Dias depois, ele deu um jeito de se engajar na campanha do então candidato a governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do próprio Bolsonaro. Quem vai ao Poupatempo de Catanduva vai se deparar com uma herança dessa conversão de Padre Osvaldo ao bolsonarismo: a fachada do comitê de campanha, que funcionou durante alguns dias, em outubro do ano passado.

E o Lula, hein?

Quem acessa as redes de Padre Osvaldo vai notar que, em sua visita à capital federal, ele não aparece ao lado de Lula. Ocorre que o presidente está em viagem na Argentina. Oportunidades certamente não faltarão. Em sua postagem, o prefeito afirma ter levado três demandas relativas a Catanduva e entregue ao vice-presidente. Então, é bem provável que Padre Osvaldo terá a chance de se encontrar com o ex-sindicalista, numa dessas agendas futuras.

Agenda institucional

Nos últimos anos, a política brasileira tem sido marcada por um discurso mais ideológico, resultado da polarização entre esquerda e direita. Mas isso acaba ficando muito no plano discursivo. Em geral, quem está no governo (seja ele federal, estadual ou municipal) sempre procura ser pragmático no trato com as outras esferas de poder. Porque, no fim das contas, esses políticos precisam manter uma relação institucional, por menor que seja. Prefeitos, por exemplo, necessitam de recursos para executar seus projetos e obras. E dinheiro, como sabemos, não tem ideologia nem partido.

Por outro lado

Esses atalhos utilizados por políticos que, até anteontem, estavam aliados ao bolsonarismo (e ao tucanato, no caso de São Paulo), não devem agradar em nada as lideranças regionais do PT e dos partidos aliados. Oficialmente, todo mundo dirá que vai sempre buscar o melhor para a população. Mas na intrincada disputa pelo poder, as coisas não funcionam assim. Os apoiadores do partido do governo (seja ele qual for) vão sempre querer buscar para si os louros das obras, recursos e demais realizações.

Futuro partidário

No caso de Padre Osvaldo, além de sua possível migração para o PSD de Kassab, que está no governo de Lula, o prefeito de Catanduva mantém boas relações com o PDT local. A legenda fundada por Brizola tem inclusive ministério na atual gestão federal.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.