PENEIRA FINA – 25.03.23
Alan Automóveis questiona fila de espera para exames na rede pública de saúde
Em seu primeiro mandato no Legislativo de Catanduva, o vereador Alan Automóveis (PP) vem tendo bom relacionamento com o governo do prefeito Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB). O que não significa que ele também não faça suas cobranças, quando julga necessário. Recentemente, o parlamentar utilizou a tribuna, durante uma sessão ordinária da Câmara Municipal, para comentar sobre um requerimento que elaborou, questionando informações a respeito do tempo de espera para o agendamento de exames na rede pública de saúde. Alan quer saber qual a demanda reprimida por especialidade médica, unidade básica de saúde (UBS) e data em que a solicitação do procedimento foi feita.
Solução
Além de perguntar sobre os prazos para a realização dos exames, Alan também questiona quais providências já teriam sido tomadas pelo Executivo, visando solucionar o problema das filas para exames médicos em Catanduva. O requerimento foi lido e aprovado em plenário, pelos demais vereadores.
Desespero
“Muitas pessoas nos procuram em estado de desespero, porque alguns exames até podem esperar um pouco mais, mas muitos dizem respeito a questões graves, em que o atraso pode custar vidas. Daí meu pedido por providências urgentes”, afirmou, ao comentar sobre o requerimento que aborda esse tema.
Governo está ciente
A fila para a realização de exames e outros procedimentos médicos como consultas com especialistas e cirurgias eletivas é um problema reconhecido pelo próprio governo municipal. Durante audiência pública realizada no mês passado, o então secretário de Saúde Rodrigo das Neves admitiu que essa demora é uma das grandes preocupações da pasta neste momento.
Pandemia
Vale lembrar que o aumento das filas para procedimentos médicos eletivos é um problema que não está restrito a Catanduva. Trata-se de situação que afeta a maioria dos municípios e está diretamente relacionada à pandemia da Covid-19. Diante do cenário de caos que se formou em todo o país, os recursos materiais, humanos e financeiros da saúde foram quase que totalmente direcionados para o enfrentamento à doença, especialmente nas áreas de urgência e emergência. Muito dinheiro foi destinado, por exemplo, à criação de leitos de UTIs. Em contrapartida, procedimentos não tão urgentes – caso das cirurgias eletivas – acabaram sendo represados.
Insumos
Um agravante que contribuiu para o represamento de exames e cirurgias eletivas foi a falta de insumos, verificada no auge da pandemia. Tomemos como exemplo os anestésicos, que chegaram a faltar em Catanduva e diversas outras cidades, por conta da enorme demanda provocada pelos procedimentos de intubação. Ora, anestesia é usada não apenas em UTI, mas também em cirurgias de apêndice e de joelho ou mesmo numa endoscopia do esôfago.
Trabalho conjunto
Alguém poderá argumentar, e com razão, que já se passou um bom tempo desde que o auge da pandemia acabou e que não se pode aceitar como justificativa para as filas atuais a herança vinda daquele período crítico. Pode ser. Mas vale lembrar que a saúde é uma área complexa e que, para funcionar bem, não depende apenas de esforço local, mas necessita também de ações em níveis regional, estadual e federal. Se existe um represamento de procedimentos eletivos em todo o país, não seria o caso de os governos unirem esforços, direcionando recursos para dar mais rapidez a essa fila?
Urgência pode ser algo relativo
É fato que a área da saúde possui protocolos rígidos para definir o que é urgência ou emergência. Mas esses conceitos podem variar, dependendo daquilo que a pessoa vivencia. Realizar uma mamografia ou uma endoscopia pode não parecer algo urgente para as autoridades de saúde. Para uma mulher com mais de 50 anos e com histórico de câncer de mama na família ou para um homem que apresenta fortes dores estomacais recorrentes, a demora para fazer um exame pode representar uma questão de vida ou morte. Essa questão subjetiva de cada cidadão não pode ser ignorada por quem administra o dinheiro público.
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