PENEIRA FINA – 24/08/2022

Entrevista presidencial

Na noite de anteontem, o tema política monopolizou as atenções dos participantes de grupos de WhatsApp de Catanduva. Tudo por conta da participação do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, na primeira entrevista do Jornal Nacional, da Rede Globo. Esses espaços se converteram em importantes fóruns de discussão, embora também sirvam para disseminar muita desinformação.  

Ao gosto do freguês

É interessante notar como a análise do desempenho de cada candidato varia de acordo com o gosto do freguês. Nos grupos de Catanduva, eleitores de Bolsonaro celebravam cada resposta dele, como se fosse um gol da seleção na Copa do Mundo. Em contrapartida, seus opositores criticavam todas as falas do presidente.  

No fim das contas...

A grande verdade é que estamos em um cenário polarizado. Isso você já deve ter ouvido em muitos lugares. Mas ninguém conta para você o resultado prático. É simples: na medida em que o eleitor é exposto com muita antecedência às discussões sobre a sucessão presidencial, ele acaba sendo forçado a se posicionar sobre as candidaturas com muita antecedência. É por isso que Lula e Bolsonaro hoje contam com quase 80% dos votos, somados. Essa conjuntura torna inviável o surgimento de uma terceira via ou mesmo a mudança de intenção de voto dos eleitores.  

E os demais cargos?

O leitor deve ter notado que o movimento das candidaturas para os demais cargos anda muito fraca. Mesmo na disputa para governador, quase não vemos mobilização do eleitorado. As pessoas discutem com afinco quem será o próximo presidente, mas ignoram em quem vão votar para governador, senador, deputado federal ou estadual.  

Campanha silenciosa

Quem anda pelas ruas de Catanduva em dias normais quase não se depara com propagandas, sejam elas visuais ou sonoras. A pouca movimentação que existe pode ser observada na rua Brasil, mas concentrada nos fins de semana. Ou alguma mobilização esporádica em bairros. Nos carros, quase não há adesivos ou perfurados. E, por enquanto, a população tem sido poupada de santinhos e demais propagandas espalhadas em seus quintais.  

Reta final

Um cenário desses, marcado pelo desinteresse extremo dos eleitores em relação às demais disputas, que não a presidencial, tende a ser definido na reta final, que é quando os cidadãos se veem forçados a optar por algum deputado ou senador.  

Tradição x renovação

Pensando especificamente nas candidaturas de Catanduva e região, essa conjuntura tanto pode ser benéfica a medalhões como Sinval Malheiros e Beth Sahão, que são muito conhecidos - por disputarem eleições há várias décadas -, como beneficiar figuras novas, sobretudo as que forem competentes ao associarem seus nomes aos candidatos majoritários, gerando o fenômeno do voto casado. Vale lembrar que foi assim que Janaína Paschoal conquistou quase 12 mil votos em Catanduva, sem nunca ter feito campanha na cidade.  

Pesquisa

Por falar em colar imagem no majoritário, o candidato a federal Beto Cacciari (PL) divulgou vídeo comentando resultado de uma pesquisa favorável a Tarcísio de Freitas (Republicanos). O médico catanduvense celebrou os números, afirmando que o ex-ministro seria o único capaz de derrotar Fernando Haddad (PT).  

Se bem que...

Anteontem, o ex-deputado Marco Vinholi, que hoje tem cargo alto no Sebrae, compartilhou notícia segundo a qual Rodrigo Garcia (PSDB) estaria empatado com Tarcísio na disputa pelo segundo lugar. As sondagens feitas até o momento, envolvendo o cargo de governador, apresentam diferenças enormes, uma em relação à outra. Isto é um sinal de que, por enquanto, o eleitor médio sequer parou para pensar em quem votar para governador. Haddad é líder por ter recall da campanha presidencial de 2018 e ser o único representante no campo de centro-esquerda, enquanto seus adversários fazem uma guerra de foices, tentando avançar ao segundo turno – quando a história mudará de figura.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.