PENEIRA FINA – 24/07/2022
É dada a largada
Neste fim de semana, os principais partidos brasileiros realizam suas convenções, visando à disputa das eleições de outubro. Na última quarta, o PL de Bolsonaro realizou seu evento em SP, oficializando sua chapa de candidatos a deputados, ao Senado e ao Governo Estadual, com o ex-ministro Tarcísio de Freitas. Ontem, pela manhã, foi a vez de PT e PSB, que lançarão Fernando Haddad na disputa ao Palácio dos Bandeirantes, fazerem sua convenção.
Aparecida
O empresário catanduvense João César Moraes, que teve sua candidatura a deputado estadual oficializada na convenção do PL, pernoitou anteontem em Aparecida, no Vale do Paraíba. Ele estava a caminho do Rio de Janeiro, para participar da convenção nacional do partido, no Maracanãzinho.
Licença
Bolsonaro, que em 2018 obteve 78% dos votos válidos em Catanduva, deverá contar com apoio de outros candidatos ao Legislativo na cidade. Além de João César, o médico Ricardo Zupirolli deverá também disputar a eleição deste ano. Nesta sexta, foi publicada a portaria autorizando a licença do ortopedista na rede municipal de saúde, pelo período de três meses, para poder participar do pleito. O afastamento é contado a partir de 2 de julho, embora a portaria seja datada do último dia 15.
Tucanos
Enquanto isso, o PSDB, que sempre contou com candidaturas proporcionais competitivas na região, desta vez vai se afundando no vácuo, que deve ser preenchido por outras legendas à esquerda e à direita, já que em política não existe espaço vazio. O partido colhe os efeitos negativos do governo Doria, que, além de angariar forte rejeição por parte do eleitorado, afastou lideranças históricas, que não foram substituídas à altura.
Paradoxo
A situação vivida pelo PSDB é paradoxal, já que a legenda conta com centenas de prefeitos e seu candidato ao governo estadual, Rodrigo Garcia, tornou-se competitivo e passou a conquistar apoios de outros partidos, depois que Márcio França desistiu de disputar o Palácio dos Bandeirantes, preferindo sair ao Senado. Na eleição para a Câmara Federal e a Assembleia Legislativa, o cenário para os tucanos é desolador. Aliás, para quem interessar possa, a convenção estadual do PSDB será realizada no próximo dia 30, no Ginásio do Ibirapuera.
Tudo vai ser diferente
Independentemente do resultado da eleição para o governo estadual, que deve ser a mais disputada e imprevisível desde a redemocratização, o fato é que tudo será diferente em São Paulo, a partir de 2023. Mesmo que Rodrigo Garcia vença. Isto porque ele encontrará uma correlação de forças local e nacional completamente distinta da que seus antecessores tucanos encontraram. A começar pelo fato de que a bancada de seu partido será minoria. Em nível nacional, pela primeira vez o PSDB estará completamente alijado da disputa pela hegemonia e sem perspectivas de retomar o protagonismo em um curto prazo. Quem vencer em outubro precisará ter muito jogo de cintura para conseguir negociar com as demais forças políticas, inclusive da oposição (seja ela qual for).
Sinval
Outro que teve sua candidatura homologada neste fim de semana foi o médico Sinval Malheiros, que tenta retornar à Câmara dos Deputados pelo Patriotas. O partido, que integra a base de Bolsonaro, conta com apenas cinco parlamentares no Congresso Nacional. Em São Paulo, a legenda deve apoiar Rodrigo Garcia, em vez de Tarcísio de Freitas.
Navegando na polarização
Se a situação do PSDB é dramática, o mesmo não se pode dizer de seu candidato ao governo estadual. Rodrigo Garcia está sabendo utilizar a força da máquina e também navegar muito bem pelas águas agitadas da polarização. Além do Patriotas, outros partidos da base bolsonarista estarão com o tucano na disputa estadual, como o Podemos e o PP. Até mesmo legendas que apoiam Lula no plano nacional, como o Solidariedade, estarão com Rodrigo em SP. Isto representará um tempo considerável para ele no rádio e na TV, sem contar o apoio institucional. Seus principais adversários terão de colar firme nos padrinhos políticos, para não correrem risco de ser atropelados.
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