PENEIRA FINA – 23.10.22

A grama do vizinho não é a mais verde

Muita gente costuma procurar verdade em demasia nos ditados populares. Mas nem sempre eles batem com a realidade. Aquele um que afirma, por exemplo, que a grama do vizinho é sempre a mais verde, está redondamente enganado, pelo menos quando pensamos em Catanduva. Aqui, a nossa grama é reluzente. E já custou mais de R$ 330 mil aos cofres públicos, ao longo deste ano.

Onde está a grama?

Reportagem publicada hoje em O Regional mostra que, se todas as notas de empenho de plantio de grama forem somadas, atingem uma área cultivada de 31 mil metros quadrados (pouco mais de três hectares). Resta saber onde está toda essa grama cultivada. E como tem sido feita a medição desse serviço.

Detalhe

Tudo bem que certos serviços e produtos nem sempre estão disponíveis na cidade, para que a prefeitura os adquira. Mas chama a atenção, também neste caso, que o governo municipal tenha mais uma vez recorrido a uma empresa de fora para realizar uma compra de centenas de milhares de reais. Enquanto isso, muitos fornecedores locais, que geram empregos e pagam impostos em Catanduva, sofrem para manter suas portas abertas.

Prioridades

Ademais, já comentamos aqui que a gestão pública em Catanduva anda padecendo da noção de prioridade. Para algumas coisas, sobra dinheiro. Para outras, a alegação é de que nunca há recurso. Todo mundo gosta de viver em uma cidade onde a jardinagem está em dia. Mas, em épocas de tantas dificuldades, será que investir em grama deveria mesmo ser a grande preocupação de um governo municipal?

Fontes

As fontes luminosas do ex-prefeito Geraldo Vinholi estão aí para mostrar como certos investimentos não levam a nada, em matéria de administração pública. Quando foram construídas, na tentativa desesperada de Vinholi em mostrar serviço e tentar eleger seu filho Marco como deputado estadual (acabou ficando como suplente), as fontes foram vendidas como atrações turísticas. O então prefeito queria convencer as pessoas de que alguém se dignaria a sair de outra cidade para vir a Catanduva admirar chafarizes instalados em rotatórias de avenidas. Hoje, essas estruturas estão lá, apodrecendo a céu aberto, depois de terem custado uma fortuna aos cofres públicos. Quantos turistas elas terão ajudado a atrair para nosso município?

Lógica falha

Há alguns meses, quando o ex-governador Geraldo Alckmin iniciou o flerte com a candidatura do ex-presidente Lula (PT), muita gente acreditava que ele pudesse fortalecer a campanha do petista em São Paulo, ajudando a atrair apoios institucionais não só para a chapa nacional, como também para o candidato a governador Fernando Haddad. Hoje, é possível notar que essa lógica foi completamente falha.

Poucos apoios

São Paulo conta com 645 municípios. Até o momento, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Jair Bolsonaro (PL) já conseguiram arrebanhar o apoio explícito de nada menos 540 prefeitos paulistas. Fica evidente, portanto, que se Alckmin desfrutava com bom trânsito com as lideranças nas cidades do Interior, foi porque tinha a caneta na mão para liberar recursos, nas décadas em que permaneceu à frente do Palácio dos Bandeirantes. Hoje, fora do poder, a coisa muda de figura.

E o eleitorado?

Alguém poderá argumentar que se apoio de prefeito valesse de algo, o ex-governador João Doria (PSDB) não teria desistido de se candidatar a presidente, por conta de sua imensa rejeição. E mesmo Rodrigo Garcia não teria sido derrotado no primeiro turno. Isso tem lá seu fundo de verdade. No fim das contas, o que importa é a decisão do eleitor. Mas aí reside outra falha na lógica dos que acreditavam que Alckmin poderia ser um puxador de votos na chapa petista. No primeiro turno, Jair Bolsonaro foi o mais votado em São Paulo, alcançando quase metade dos votos válidos.

Ignorar a história

Que Alckmin já teve uma força imensa em São Paulo, isso é indiscutível. Mas os que botavam fé inabalável nele para esta eleição fizeram questão de ignorar seu fraco desempenho na campanha presidencial de 2018, quando foi mal votado inclusive em seu próprio estado. O que terá levado os idealizadores da aliança a acreditarem que, em 2022, o resultado poderia ser diferente? 

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.