PENEIRA FINA – 21/06/2022

População foge de audiência da LDO

Tudo bem que o horário não ajudava - afinal, às 16h muita gente está ainda no trabalho. Ainda assim, tal como havíamos “profetizado” aqui neste espaço, a audiência pública na Câmara Municipal que debateu o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO não conseguiu comover os corações dos catanduvenses. A reunião transcorreu sem a presença de cidadãos comuns – apenas vereadores, assessores e funcionários da Câmara estiveram no plenário, na tarde de ontem. 

Não é profecia, mas experiência

Cantamos a bola de que a audiência da LDO - um dos principais projetos que o Legislativo tem para debater ao longo do ano - não atrairia público, porque isso é uma tradição em Catanduva. Via de regra, a população finge que esse tipo de discussão não é da sua conta. Por outro lado, haveria filas quilométricas para participar da reunião, caso ela fosse tratar de algum interesse imobiliário, como liberar loteamentos privados com infraestrutura bancada com dinheiro público e coisas do tipo. 

Lamentável

O servidor da Câmara, Reginaldo dos Santos, que secretariava a audiência, fez a leitura inicial do projeto. Ao terminar sua participação, tomou a liberdade de observar: “Esta audiência é pública. Porém, a população não aproveita a oportunidade de participar de uma discussão tão importante. Essa situação é lamentável”, desabafou. 

Estocadas

Os vereadores Maurício Gouvea (PSDB), Alan Automóveis (PP) e Taise Braz (PT) fizeram coro ao desabafo de Reginaldo e criticaram a ausência da população. Maurício aproveitou para estocar o presidente da ACE, Marcos Escobar, que, na semana passada, voltou a se mobilizar contra as mudanças propostas pela prefeitura no Plano Diretor. Além de citar nominalmente o dirigente, o parlamentar disse lamentar a ausência de entidades de Catanduva na audiência de ontem. 

Nem prefeitura fez questão

Aliás, como observou Alan, nem mesmo a prefeitura fez questão de enviar representante à audiência. E olhe que o projeto é de autoria do prefeito. Maurício sugeriu a realização de uma nova reunião, que contasse ao menos com representantes da Secretaria Municipal de Finanças e da empresa Metapública, que presta consultoria ao governo na área orçamentária. Na avaliação do parlamentar, essa participação do governo ajudaria a elucidar pontos importantes da proposta. 

Horário

Taise criticou a ausência de público, mas reconheceu que o horário da audiência pode ter ajudado a afugentar a população. Fica a dúvida, porém: será que se fosse um projeto que favorecesse, por exemplo, a Associação Bom Pastor, de Padre Osvaldo, não teríamos centenas de pessoas se espremendo para entrar no plenário, além do próprio prefeito sentado na primeira fila, prestigiando as discussões? Citamos a entidade específica, mas isso vale para qualquer situação envolvendo interesses econômicos de algum setor da sociedade. Em Catanduva, projetos que tratam do bem-comum não costumam mobilizar ninguém. Só aqueles que mexem no bolso das pessoas. 

Vereadores presentes

Além do trio de vereadores já citado, compareceram à audiência da LDO os parlamentares Cesar Patrick (Republicanos), Maurício Riva (PDT), Nelson Tozo (PDT) e Ivan Bernardi (PRTB). 

Material didático

Na sessão passada, enquanto a colega de partido Taise Braz fazia duras acusações contra o material didático adquirido pela Prefeitura de Catanduva para os alunos da rede municipal, Marquinhos Ferreira pediu aparte para chamar a Secretaria de Educação de “caminhão sem freio”. Segundo o vereador, a negociação do material teria sido feita por um apoiador de Padre Osvaldo, chamado Celso. Segundo apuramos, Marquinhos se referia a Celso Pereira, dirigente do Podemos na cidade. Ele não faz parte do governo municipal. 

Tudo dentro da lei

Procurado pela coluna, Celso admitiu que indicou empresas para participarem da licitação do material didático. “O pessoal da secretaria me perguntou se eu conhecia alguma e indiquei três. Duas acabaram participando do certame até o fim, enquanto outra foi desclassificada. Mas não houve qualquer ingerência de minha parte. Quem cuidou de tudo foi o setor de licitações. Foi tudo dentro da lei”, afirma.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.