PENEIRA FINA – 18/06/2022

Plano Diretor gera farpas

Desde que o governo de Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB) iniciou as tentativas de alterar o Plano Diretor do município, tem recebido inúmeras críticas de determinados grupos e entidades, em especial da Associação Comercial e Empresarial de Catanduva (ACE), que se posicionou contra algumas alterações propostas e também ao modo como os debates sobre o projeto estão sendo conduzidos. A postura da instituição desagradou alguns vereadores, que utilizaram a tribuna para atirar farpas contra o presidente Marcos Escobar. 

Ataques

Maurício Gouvea, do PSDB, classificou como “viúvas” os críticos às mudanças no Plano Diretor, dando a entender que seriam aliados do ex-prefeito Afonso Macchione Neto. Marquinhos Ferreira, do PT, insinuou que Escobar estaria contra a mudança por ter deixado “a nave do governo municipal”. 

Quem tem razão?

Sem entrar na discussão quanto aos métodos e à forma como cada lado tem se posicionado nessa polêmica, é possível notar que cada grupo analisa o problema a partir de uma ótica própria, que leva em consideração diferentes concepções de cidade e de desenvolvimento urbano. Ou seja, falam de coisas diferentes, apesar de tratarem do mesmo assunto. 

Destravar

O governo municipal e os vereadores que apoiam as mudanças afirmam que elas ajudarão a destravar a cidade, beneficiando as pessoas carentes e atraindo investimentos para Catanduva. Em relação ao desdobro de imóveis, argumentam que a medida seria válida apenas para bairros de periferia, fato que favoreceria famílias de baixa renda, que, muitas vezes, contam com apenas um terreno para ser dividido, mas não podem fazê-lo por conta de uma legislação que limita a partição dos lotes abaixo de uma metragem mínima. 

Bom Pastor

Por fim, os defensores das mudanças alegam que o novo Plano Diretor ajudará a realizar o sonho das famílias que adquiriram os terrenos da Associação Bom Pastor, em loteamento criado por Padre Osvaldo e que está barrado pela Justiça. 

Afogadilho

Já os grupos contrários às mudanças propostas alegam que o debate não está sendo feito da maneira correta, já que tudo se dá no afogadilho e sem a participação de todos os setores da sociedade. Com relação ao desdobro, afirmam que, além de abrir brecha para que a medida seja adotada em todo o município, a prática afetará o desenvolvimento futuro de Catanduva, já que muitas regiões hoje consideradas como periferia e de baixa renda podem passar por valorização, no futuro, com o crescimento do comércio e de outros empreendimentos. Com o modelo de desdobro proposto, as vagas de estacionamento seriam eliminadas nesses locais. 

Terrenos

Em relação ao problema da Associação Bom Pastor, os contrários às mudanças questionam os impactos que os dois loteamentos trarão, seja em termos ambientais e de drenagem urbana, sejam nos aspectos sociais e da própria pressão sobre os serviços públicos. Haverá creche para todos os moradores? Médicos? Remédios? Empregos? Outro ponto que eles questionam é o fato de toda a população ser obrigada a pagar por obras e benfeitorias que deveriam ser feitas pelos próprios loteadores (ou seja, a Associação Bom Pastor), como asfalto, rede de água e esgoto, iluminação, etc. 

Rotatória na Pastor Dutra

Voltando aos argumentos utilizados na questão do desdobro, de que a medida seria válida apenas para bairros de periferia, é interessante notar como essa definição pode variar, com o passar dos anos. Tomemos o exemplo da avenida Pastor Dutra. Quando ela foi construída naquela área que parecia distante, poucos poderiam imaginar que a via, localizada entre o Eldorado e o Solo II, viria a se tornar uma das mais movimentadas de Catanduva, servindo de acesso a importantes serviços como a UPA e o Instituto Federal. O tráfego por lá é tão intenso que o vereador Gordo do Restaurante (PSDB) resolveu elaborar requerimento cobrando a instalação de uma rotatória na altura do acesso ao Eldorado. 

Constroeste

Nelson Tozo, do PDT, apresentou requerimento cobrando cópias integrais do contrato firmado entre a Prefeitura de Catanduva e a Constroeste, relativo à coleta de resíduos dos serviços de saúde. Conforme noticiado em O Regional, o novo valor que a empresa rio-pretense passará a receber pelo serviço será de R$ 5,6 milhões ao ano.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.