PENEIRA FINA – 14.03.23
Águas de março não dão trégua e alagam ruas em Catanduva
O leitor já deve ter ouvido, vez ou outra, a expressão “águas de março” ser usada em referência a temporais ocorridos nesta época. Culpa do maestro Tom Jobim, que a usou em uma de suas melhores e mais conhecidas canções. O que pouca gente sabe é que, em geral, março não costuma estar entre os meses mais chuvosos do ano, no Interior de São Paulo. O que estamos vivendo nas últimas semanas, portanto, é um fenômeno fora da curva. Ontem, parecia que a chuva não daria trégua. Depois do almoço, porém, o sol surgiu. Mas esse alento foi rápido demais. No fim da tarde, o céu tornou a escurecer e um aguaceiro tomou conta de Catanduva. O temporal foi tão forte que chegou a alagar algumas ruas, devido à força da enxurrada. Até mesmo locais mais altos, como o trecho da rua Sete de Setembro na Vila Lunardelli, ficaram tomados pela água, chegou a invadir as calçadas, criando verdadeiro transtorno para os motoristas.
Pensar a longo prazo
É um erro grave tentar jogar nas costas do gestor A ou B a culpa pelos eventuais estragos ocasionados por fenômenos naturais. Da mesma forma que também é um equívoco sério isentar governantes de hoje ou de ontem pelo problema. Ficou confuso? Explicamos: a cidade é como se fosse um organismo vivo, em constante transformação. As mudanças trazem impactos que precisam ser planejados e equacionados não apenas a curto, mas também a longo prazo. Se hoje nossas ruas ficam tomadas pela enxurrada durante os temporais, isso é reflexo da ausência de obras de drenagem no passado. Mas é também um sinal de que o governo atual e os próximos deverão ficar atentos a essa questão.
Suplementação
Na sessão de hoje da Câmara Municipal de Catanduva, chama a atenção o projeto de lei de autoria do Executivo, que autoriza a prefeitura a abrir crédito suplementar no valor de mais de R$ 5,7 milhões. Desse total, R$ 5 milhões seriam destinados a ações e serviços junto ao Hospital Psiquiátrico Mahatma Gandhi e também à aquisição de materiais de consumo para as unidades básicas de saúde. O projeto fala em R$ 4 milhões para serviços de terceiros pessoa jurídica e R$ 1 milhão para a compra de materiais. Os mais de R$ 700 mil restantes seriam para a Covid-19.
Alesp
Amanhã, às 15h, será a posse dos deputados na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O evento tem atraído a atenção da mídia, por vários motivos. Um deles é o retorno de Eduardo Suplicy (PT) ao parlamento estadual, onde iniciou sua carreira política pelo MDB. Senador por três mandatos consecutivos, ele tem status de popstar e deve ofuscar outros nomes mais à esquerda na Casa de Leis. Mas outros aspectos devem dar o que falar. O principal deles é a eleição da mesa diretora, que terá uma situação inusitada, sobretudo para quem virou a cara com amigos e parentes por conta da política.
Apostas
A presidência da Alesp deverá ficar com o deputado André do Prado, do PL, partido que integra a base do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo informações que circulam na imprensa nacional, ele deverá alcançar mais de 80 votos, inclusive os da bancada do PT. Isto mesmo: o deputado da base de Bolsonaro será eleito presidente da Alesp com votos de petistas.
Dobradinha
A eventual vitória de André do Prado dará fim a uma dobradinha histórica que o PT vinha fazendo com o PSDB, na Alesp. Embora sejam adversárias, as legendas tinham um acordo quase que sagrado para a eleição da mesa diretora, que consistia em os tucanos elegendo o presidente com apoio dos petistas, enquanto o partido da estrela ficava com a primeira secretaria, a mais importante do Legislativo (e a que tem mais cargos de livre provimento). Neste ano, o PSDB cai fora da jogada, dando lugar ao PL de Bolsonaro, que fará o presidente. Já a primeira secretaria ficará com Teonilio Barba, que venceu a disputa interna no PT, desbancando nomes fortes como Ênio Tatto e Mário Maurici. Barba deverá ser candidato único, escolhido, portanto, por aclamação.
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