PENEIRA FINA – 10.01.23

Política brasileira está como água em óleo fervente

A política brasileira atravessa momentos de tensão. A manifestação realizada anteontem em Brasília tem dado muito o que falar, por conta da quebradeira ocorrida no Palácio do Planalto, no Congresso Nacional e na sede do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos alvos prediletos foi o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, que teve sua porta arrancada e exibida por manifestantes. A corte utilizou os termos “terroristas” e “vândalos” para se referir aos manifestantes. Por sua vez, os participantes dos protestos afirmam que a depredação e demais atos de violência seriam fruto da ação de infiltrados, que tentam manchar o movimento perante a opinião pública. O fato é a situação atual lembra óleo fervendo. E muita gente parece estar disposta a água gelada dentro dessa panela, sem imaginar o estrago que isso provocará. 

Moradores da região

Entre os manifestantes que estiveram no ato em Brasília, no domingo, estão alguns moradores da região, especialmente de Rio Preto e até mesmo de Itajobi. Não se sabe, até o momento, se haverá alguma consequência para os participantes e quais serão. 

Críticas

De um modo geral, os resultados das manifestações de domingo têm gerado mais críticas do que defesa para o lado dos participantes dos protestos. Lideranças regionais, como o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari (PSDB), condenaram os atos. 

Política não se faz de intenções

Embora muita gente tenha mania de tentar avaliar as situações pelas intenções das pessoas que as provocaram, as coisas na vida não funcionam dessa forma. Os motivos que movem alguém podem ser os mais nobres possíveis. Porém, se os resultados de seus atos fogem àquilo que a sociedade considera razoável e civilizado, os ouvidos das outras pessoas vão se fechar para tudo o que você tem a dizer. Para ter razão, é necessário agir com a razão. Do contrário, seus atos podem servir para legitimar o adversário. 

Troca de acusações

Anteontem à noite, o desfecho violento dos protestos ocorridos em Brasília motivou troca de acusações entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). O petista atribuiu ao ex-presidente responsabilidade pela violência nos protestos. Bolsonaro, por sua vez, criticou as invasões e depredações de prédios públicos, que, segundo ele, “fogem à regra”. Ele acusou a esquerda de haver incorrido em tais práticas, em 2013 e 2017, e afirmou repudiar as acusações feitas “pelo atual chefe do Executivo do Brasil”. Reparem que ele não utiliza a palavra presidente para se referir a Lula, embora o termo adotado seja sinônimo, na prática. 

Pandemia

Um de nossos leitores assíduos entrou em contato para discordar daqueles que se referem aos manifestantes que estavam em Brasília como antidemocráticos. Na visão dele, antidemocrática teria sido a política adotada por João Doria no governo estadual, durante o auge da pandemia da Covid-19, decretando lockdown e outras medidas de isolamento. Para muitos apoiadores do ex-presidente, essas medidas foram tentativas de inviabilizar a gestão de Bolsonaro na presidência, semeando o caos econômico. 

Repúdio

Enquanto isso, 11 entidades sindicais de Catanduva e também os diretórios municipais do Psol e do PT emitiram nota de repúdio em relação aos atos realizados em Brasília, classificados no texto como “tentativa de Golpe de Estado”. No documento, as instituições pedem punição dos responsáveis pelas depredações. O texto circulou pelo WhatsApp e redes sociais. 

Rojões

No domingo, à tarde, como bem sabemos, não houve nenhum jogo de futebol. Porém, foi possível ouvir alguns rojões ecoando ao redor da cidade, no momento em que os manifestantes começaram a avançar em direção à Praça dos Três Poderes. Vale lembrar que, na última eleição, Bolsonaro ganhou disparadamente em Catanduva, nos dois turnos.

Autor

Da Redação
Direto da redação do Jornal O Regional.