Mudou de lado

Depois de ter sido cobrado por lideranças bolsonaristas locais, o prefeito de Catanduva, Padre Osvaldo de Oliveira Rosa (PSDB), postou no Instagram um story diante de um carro que trazia a bandeira do Brasil presa ao capô. Como trilha sonora da publicação, ele usou o jingle “Capitão do Povo”, que embala a campanha de Jair Bolsonaro à presidência da República. Significa que, aparentemente, ele mudou de lado. Depois de se declarar para o vice de Lula, Geraldo Alckmin, agora o padre posa de apoiador fervoroso de Bolsonaro.

Muda algo? 

É difícil saber se o apoio de Padre Osvaldo terá algum impacto prático no desempenho do presidenciável. Bolsonaro foi o mais votado disparadamente em Catanduva, com mais do que o dobro dos votos alcançados pelo sacerdote quando se elegeu prefeito, dois anos atrás. A tendência é de que o atual presidente volte a ser o mais votado na cidade no segundo turno. E isso independe da adesão do alcaide à candidatura do PL. No fim das contas, o tucano até poderá querer reivindicar para si uma parte dos louros pela votação estrondosa. Resta saber se os candidatos Bolsonaro e Tarcísio de Freitas irão acreditar nessa interpretação dos fatos.  

Redes sociais 

A vantagem dos stories é que, além de possuírem um alcance maior do que outras formas de postagem, eles desparecem para o público, depois de 24 horas. A menos que alguém tire um print, ninguém poderá ser cobrado, daqui a alguns meses ou anos, a respeito de determinado conteúdo publicado na rede social.  

Conforme previmos 

Antes do primeiro turno, disputado no domingo passado (2), repetimos aqui, algumas vezes, que as atenções dos eleitores estavam mais voltadas à disputa presidencial, por conta da polarização nacional existente entre Bolsonaro e Lula. Apuradas as urnas em Catanduva, a análise mostrou-se correta.  

Só presidente 

Neste ano, Catanduva registrou 65.531 votos válidos para presidente da República. Isto representa 5 mil votos a mais do que os que foram conferidos a todos os candidatos deputado estadual que apareceram nas urnas no município.  

Governador 

Na eleição para governador, as urnas em Catanduva apresentaram um total de pouco mais de 59 mil votos válidos, que são aqueles que foram conferidos a algum candidato. Essa soma exclui nulos e brancos.  

Senador 

Se as escolhas para deputado e governador não empolgaram, a disputa para senador mobilizou menos pessoas ainda. O total de votos válidos para esse cargo ficou um pouco acima da casa dos 57 mil.  

Percentuais  

No dia da apuração, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgava, inicialmente, apenas o percentual de votos válidos dos candidatos, ficou a impressão de que, no fim das contas, Bolsonaro teria alcançado uma votação nominal menor que a do candidato ao Senado Marcos Pontes (PL), que acabou sendo eleito para o cargo. Mas a interpretação é equivocada.  

Universo menor 

Em Catanduva, por exemplo, Bolsonaro obteve 41.207 votos, que representaram 62,88% dos 65.531 votos válidos para presidente, no município. Enquanto isso, Marcos Pontes atingiu 37.275 votos, que equivalem a 65,32% dos 57.066 votos válidos para senador. Como se pode notar, o percentual do astronauta ficou maior por conta do universo bem menor de votos válidos.  

Legislativo importa 

A postura dos eleitores, de relegar ao segundo plano as escolhas para deputado e senador são preocupantes. Primeiro, porque presidente não governa sozinho e depende dos legisladores para aprovar leis. Além disso, parlamentares desempenham o papel fundamental de fiscalizar o executivo.  

Atribuições 

No caso do Senado, a Casa cumpre o papel relevante de revisar projetos de lei aprovados pela Câmara Federal e também representar os estados. Outra função importante é a sabatina para a escolha de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Isto sem contar que os senadores é que dão a palavra final na cassação de presidentes da República que sofrem processo de impeachment. Por isso, é fundamental que a população fique muito atenta ao voto para esse cargo e também aos de deputado federal e estadual.